Êxodo urbano: uma tendência mundial


Neste Capítulo, trataremos de transmitir e comentar algumas situações noticiadas sobre o êxodo urbano no mundo moderno.


acima: semear ou mendigar?

Na Europa (Portugal, Espanha, etc.)

“Desde os finais da década de 1990 que o custo e a qualidade de vida nas grandes cidades têm exercido uma forte influência de deslocalização da população dessas cidades para zonas do interior e/ou rurais. A par destas contrariedades, a extensão da banda larga por todo o território tem permitido a profissionais independentes e a teletrabalhadores esta deslocalização para as regiões de ‘baixa densidade’.


“A cidade européia que mais população perdeu foi Lisboa, conforme dados da Comissão Européia: nos últimos dez anos (1995–2005), Lisboa perdeu 20% da população.


“Ainda em Portugal, a segunda maior cidade, o Porto, perdeu no mesmo período 23% da população estando em 2006 com 270 mil habitantes. A mesma demografia de outras trinta e quatro cidades da Península Ibérica.”*


A questão econômica tem sido um dos fortes impulsionadores do êxodo urbano no Primeiro Mundo. O quadro se acentua nas economias mais frágeis como é a portuguesa, que sempre necessitou de auxílio da Comunidade Européia para se formar no grupo.


No Brasil


Agora poderemos observar, neste comentário de matéria do New York Times, apresentada por Vinicius Albuquerque no blog da Folha Online,** intitulado “Desemprego provoca êxodo urbano no Brasil, diz NY Times”, os muitos motivos que pode chegar a ter o êxodo urbano no Brasil.


“O desemprego nos grandes centros urbanos brasileiros e o crescimento da agricultura e dos investimentos industriais em cidades do interior inverteu os fluxos migratórios no Brasil, diz a edição de hoje do jornal norte-americano ‘The New York Times’.


“Ao mesmo tempo, os moradores de zonas rurais sentem-se menos inclinados a deixar as suas famílias e migrar para grandes cidades.”


Remonta à década de noventa, as notícias sobre a migração da empresas para os interiores dos Estados, como forma de baixar salários e desacelerar o impacto ambiental. O mesmo se pode dizer das pessoas, com a crescente tendência de habitar na periferia (sobretudo em luxuosos condomínios fechados) ou nas cidades periféricas dos grandes centros (no caso das pessoas mais simples, sobretudo), a fim de evitar o convívio direto com os problemas ali concentrados. As pessoas do interior, por sua vez, sentem-se menos atraídas pelas cidades grandes porque elas estão inchadas. Prossigamos:


“O secretário de Políticas Públicas de Emprego do Ministério do Trabalho, Remígio Todeschini, disse, segundo o ‘NYT’, que‘não há dúvida’ sobre o atual dinamismo do interior do país. ‘Isso tende a determinar onde as pessoas vão procurar empregos.’


“O ‘NYT’ cita pesquisa do Ministério do Trabalho, que mostra que 70% dos novos empregos gerados no Brasil nos primeiros sete meses do ano estavam em cidades de porte médio e apenas 30% dessas foram criados em grandes centros urbanos.


A estatística apresentada é contundente, considerando que o “interior” já é capaz de duplicar o número de novos empregos, coisa que deve se estender às cidades menores com o tempo.


“Já em São Paulo, o fluxo migratório caiu. O diretor-técnico do Dieese, Clemente Ganz Lúcio, disse, segundo o ‘NYT’, que ‘a capacidade de criar empregos [em São Paulo] simplesmente não é mais aquela presenciada no passado, e a população está percebendo isso’. ‘Rio e São Paulo costumavam concentrar quase toda a capacidade industrial do país, mas essa época passou’, disse Ganz Lúcio ao NYT. ‘Atualmente o desenvolvimento econômico está se espalhando para o resto do país.’


Podemos dizer que, em boa parte, tudo nisto se deve à criação de Brasília, na hora certa, levando o país a uma maior distribuição demográfica, uma vez que os nordestinos que iam em massa para São Paulo, passaram a se dirigir também para o Distrito Federal.


Com isto, se pode até anunciar uma definitiva mudança da situação de êxodo rural criado a partir dos anos 50 com o processo de industrialização do país, e até certa mudança de direção das coisas:


“De 1987 para cá, o êxodo rural praticamente acabou, uma vez que as cidades não mais oferecem uma melhor qualidade de vida. Dessa forma, o que está em curso no Brasil hoje é um ‘êxodo urbano’, também identificado pelas pesquisas, com o homem das cidades fugindo em direção ao meio rural para escapulir à poluição, à violência e ao estresse dos grandes conglomerados urbanos. Em São Paulo, por exemplo, o fato é facilmente constatável: são os ‘neo-rurais’, pessoas da cidade em busca de melhor qualidade de vida nas zonas rurais. Aliados à mecanização do trabalho agrícola, esses dois movimentos populacionais conduzem ao crescimento das ocupações não-agrícolas no meio rural sem que, todavia, haja uma política de formação de mão-de-obra nas regiões atingidas. São novos modelos ocupacionais - caseiro, jardineiro, trabalho doméstico e serviços - que surgem para atender ao movimento de êxodo urbano.


Tudo isto demonstra o esgotamento de um modelo econômico, mas o retorno também leva um novo perfil, de adaptação das coisas, e não um propósito produtivo ou mais especificamente cultural.


De todo modo, a data citada é significativa para nós. Em 1987 ocorreu a “Convergência Harmônica”, um grande rito-planetário-de-passagem que tratou de harmonizar as energias terrenas, abrindo caminho para o ingresso de novas espirituais já no ano seguinte, nos importantes acontecimentos que deram abertura à Nova Era, através da “manifestação da Hierarquia de Luz”.


A verdade por detrás dos números


Sob o título “O Brasil rural que não está no mapa”, o blog JBonline*** anuncia que o uso de uma “metodologia do tempo do Estado Novo atrapalha políticas públicas efetivas e não detecta fenômenos como o êxodo urbano.”


Na sequência comentamos trechos da matéria assinada por César Baima:


“O campo está mais cheio de gente do que as estatísticas oficiais levam a crer. A utilização de uma metodologia da época do Estado Novo para a separação dos espaços rural e urbano no Brasil faz com que a população calculada para as zonas rurais seja bem inferior à real. Tal fato atrapalha a definição das políticas do governo para o campo, como a reforma agrária, já que, pelos dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a população rural brasileira estará praticamente ‘extinta’ por volta de 2030.”


Assim, a metodologia empregada, leva a minimizar a importância do campo, e a negligenciara necessidade de políticas adequadas, como cita a seguir.


“‘A importância relativa da sociedade rural já é tão pequena que torna pouco relevante qualquer política voltada para sua dinamização, além de dispensar a definição de alguma estratégia específica. Seria como gastar vela com mau defunto’, reclama Sérgio Paganini Martins, secretário-adjunto do Conselho Nacional de Desenvolvimento Rural Sustentável.”


Pelo método em voga, que praticamente não é mais usado no mundo todo, a desproporção é gritante e oculta a pujante vida rural brasileira, assim, como a tendência de êxodo urbano e litorâneo.


“O Censo 2000 do IBGE aponta que 81% dos brasileiros vivem em zonas urbanas, contra 19% em áreas rurais. Caso fossem usados os parâmetros adotados pela Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), que estipula um mínimo de 150 habitantes por quilômetro quadrado para a caracterização de zonas urbanas, essa proporção cairia para 57% dos brasileiros morando em cidades e 43% no campo - uma ‘migração’ de mais de 40 milhões de pessoas.


“O IBGE, no entanto, está apenas cumprindo a lei. No caso, um Decreto-Lei assinado em 1938 pelo então presidente Getúlio Vargas que transformou em cidades todas as sedes municipais existentes, independentemente de suas características, fazendo com que pequenos povoados e vilas virassem zonas urbanas da noite para o dia. No mundo inteiro, apenas Equador, El Salvador, Guatemala e República Dominicana ainda usam critérios semelhantes. Ainda pelos parâmetros usados pela OCDE, apenas 411 dos 5.507 municípios brasileiros seriam considerados urbanos.”


Ou seja: menos de 10% dos municípios brasileiros, se qualificam para seguir sendo classificados como “urbanos” pela metodologia hoje em voga no mundo. É um fato a considerar, que muitas pequenas cidades e municípios brasileiros, possuem uma base econômica agrária, muitas vezes até mesmo voltada para a agricultura-de-subsistência. Prossigamos:


“Segundo Paganini, a falha das estatísticas também impede a constatação de outros fenômenos, como o fim do êxodo rural. ‘Nos últimos 15 anos, praticamente acabou o êxodo rural, já que as cidades não dão mais uma melhor qualidade de vida do que o campo’, diz. Dessa forma, continua, o que está em curso no Brasil é um ‘êxodo urbano’, também não identificado pelas pesquisas, com a população das cidades fugindo em direção ao meio rural para escapar da violência, poluição e estresse dos grandes aglomerados urbanos. ‘Em São Paulo, isso já é facilmente observável. São os neo-rurais, pessoas da cidade em busca de melhor qualidade no campo’, revela.”


Temos aqui uma constatação importante, pois, e segundo o antes citado, mais exatamente de “1987 para cá, o êxodo rural praticamente acabou”. Uma importante mudança está em curso.


Assim, esta informação deve alterar substancialmente as preocupações com o equilíbrio demográfico campo-cidade no Brasil, tão importante para a Democracia. Contudo, vemos que o assunto depende de metodologias em uso, que sempre podem ser questionadas. E ao fim e ao cabo, mesmo trazendo algum alento, todo este novo fato ainda não nos conforta de todo, porque aquilo que realmente se espera é vida rural abundante, com gente trabalhando a terra, e não apenas pequenos municípios que passam a ser considerados “rurais”, dentro de um critério tão relativo como qualquer outro.


Para o PROJETO-EXODUS - UM MUNDO PARA TODOS, a metodologia do Estado Novo, que foi um regime nacionalista que valorizava o trabalhador, ainda merece ser tida, da mesma forma, seriamente em conta.



E para concluir, na verdade, as tendências mais recentes já são quase alarmantes: “Água deve acabar e colapso acarretará em êxodo urbano em São Paulo, afirmam especialistas.” Este quadro traz vários riscos paralelos mas também oportunidades para um êxodo urbano bem direcionado.


* Fonte: http://pt.wikipedia .org/wiki/ %C3%8Axodo_ urbano
** Fonte: http://www.diariopo pular.com. br/08_12_ 02/artigo. HTML
*** http://jbonline.terra.com.br/jb/papel/economia/2002/03/16/joreco20020316002.html
**** http://deolhonotempo.com.br/agua-deve-acabar-e-colapso-acarretara-em-exodo-urbano-em-sao-paulo-afirmam-especialistas/

A maior parte das matérias reproduzidas aqui, juntamente com as imagens, são do blog

http://assuncaoturma221.blogspot.com/2009/06/exodo-urbano.html

Dilúvio, Manu e Êxodo


Manus são os regentes divinos dos 14 Manvantaras, e invariavelmente empregam como tática política o êxodo urbano para renovar as sociedades e fazer avançar a revelação divina. A palavra “Manvantara” significa entre dois “Manus”.
Contudo, o termo Manvantara se prestaria a mais de uma aplicação cronológica,e por decorrência, na Teosofia os Manus também são considerados dirigentes raciais.
Concorrem aqui, portanto, dois ciclos paralelos: o manvantara/pralaya cósmico de 26 mil anos (“Grande Ano de Platão”) e o manvantara solar de 5 mil anos (“Era solar”). Ambos se acham divididos pelas Quatro Idades (Yugas) do Mundo -o que influencia, como veremos adiante, no simbolismo do "Dilúvio" final.
O 1º Manvantara teve Svayambhuva por Manu. O seu nome significa “Auto-existente”.
Sraddhadeva ou Vaivasvata é o Manu do atual 7º Manvantara. Sraddhadeva significa “deus da fé”, e Vivasvat significa “Sol”.
O 8º Manvantara futuro, terá Sarvabhauma ou Savarni como Manu. Sarvabhauma significa “pleno Filho da Terra” e Savarna significa “da mesma cor”.
Para os maias-nahuas, a nova raça-raiz ou o Sexto Mundo começa em 2012, porém, no cômputo cósmico, o ciclo futuro virá ao final da Nova Era. Não casualmente, temos denominada esta nova raça de “Teluriana”, em consonância com o nome Sarvabhauma.
Já o nome Savarni ou “da mesma cor”, pode indicar a manutenção do tônus racial, não alterando substancialmente as formas externas. Esotericamente, representa a identidade espiritual com o avatar anterior, pela manutenção da Sexta linha-de-raio vinda da Era de Peixes e continuando na Sexta Raça-raiz.

O "Dilúvio" e o Êxodo

A questão do "Dilúvio" está diretamente relacionado aos períodos finais (ou ainda, da transição) dos ciclos humanos e raciais. Mas não é sempre que o Manu está envolvido com a idéia do “Dilúvio”, entendido de forma literal, muito embora sempre o faça em termos simbólicos, quiçá não-aludidos como “dilúvio” mas de outras maneiras. Tratemos, porém, de esclarecer isto.
A recorrente narrativa dos Dilúvios em tantas culturas antigas, significa menos a coincidência cronológica (alimentando a idéia do “Dilúvio universal”) e a presença de “salvadores” em todas estas partes, ou mesmo a repetição de muitos “Dilúvios” através dos tempos –fatos estes mais do que improváveis-, do que o emprego de um símbolo universal: a conexão entre a imagem da “água” com o psiquismo e a ilusão, e destas com a humanidade ou, mais exatamente, com a cultura-de-massas.
Existe uma passagem do Apocalipse que reproduz esta simbologia com inaudita clareza: “As águas que viste, onde se assenta a prostituta, são povos, multidões, nações e línguas.” (17, 15)
A "prostituta" é, neste caso, uma grande cidade, que concentra a corrupção e a maldade de toda uma nação ou mesmo o centro de um império.
O Dilúvio da Atlântida é especialmente importante e citado, porque aquela raça a simbologia das águas adquiriu uma dimensão maior, por se tratar de uma raça-raiz regida por este Elemento lunar, daí haver desenvolvido a magia psíquica de tal forma.
As águas aparecem na primeira vez na Bíblia, numa alusão pré-cosmológica do Genesis. O Caos primordial é a matéria-prima da Criação, que nasce da ordenação dos Elementos, impossível de ser alcançada na cultura-de-massa despersonalizante que avilta todas as coisas. A própria Criação surge, assim, de um ato ordenador, isto é, da geração de um Cosmos (= ordem) social e espiritual.
Esta ordenação em sentido amplo, o Genesis atribui à presença do "Espírito de Deus (que) pairava sobre as águas", dominando-a, pois. Eis que "Deus disse: 'Faça-se a luz!' E a luz foi feita.", em tudo semelhante ao Verbo criador do Evangelho de João.
O êxodo é o antídoto natural para a enfermidade da cultura-de-massa -o "Dilúvio"-, que hoje vem sendo chamada de “normose”, que é a alienação doentia das massas, movida pela dureza do sistema e seus interesses materialistas.
É por esta razão que os Manus, os Patriarcas e os Divinos Legisladores, elegeram invariavelmente o infalível recurso do êxodo para solucionar pungentes problemáticas sócio-culturais. Dentre eles contam-se nomes como Noé, Abrahão, Moisés, Svayambhuva, Vaisvavata, Savarni, Xisuthrus, Utanapistim, Deucalião, Quetzalcóatl, Huitzilopochtli, Tentem Vilu e Caicai Vilu...
Ora, sabemos que os ciclos humanos das Idades involuem num decrescendo, iniciando numa Idade de Ouro e culminando numa Idade de Ferro, como qualquer organismo vivo que começa com máximo vigor e se extingue quando cumpre o seu ciclo natural. A final Idade de Ferro -que os hindus qualificam, aliás, de "Negra"-, é a época das massas e da vigência do proletariado, em oposição à inicial Idade áurea -ou "da Verdade", para os hindus- que é a era das elites espirituais e do esplendor da vida do indivíduo. Ademais, em alguns registros, depois da Idade Negra, ainda existe um período especial de transição onde tudo se mistura de vez, sendo neste ambiente caótico, precisamente, que acontece a Intervenção divina que prepara as bases do Ciclo futuro.
Assim, aquilo que existe de real significado neste quadro, é o resgate da humanidade em meio a uma situação culturalmente caótica, sob o domínio da atrofia urbana, operado através da separação de uma fatia social para colocá-la em lugar próprio, destinado a permitir o florescimento de uma nova sociedade, com valores sãos e também renovadores.
Esta sociedade é designada como “raça eleita”, porque detém uma missão planetária, quer dizer, servir de receptáculo para alguma Revelação divina, destinada a se difundir por toda parte na seqüência.

Em verdade, em verdade...

Em verdade, em verdade, vos digo: as águas já subiram. Não o vedes?
Em verdade, em verdade, nós todos nos afogamos. Percebeis?
Em verdade, em verdade, estamos como mortos. Não o somos?
Poderemos, então, ressuscitar? Sim, é possível
Poderemos, acaso, nos desafogar? Claro, todavia.
Poderemos, enfim, ascender? Com toda a certeza.
A Chave para isto, hoje e sempre, é: Amor, Paz e União.

Ver mais sobre os Dilúvios

Da obra “Noozonas – Bases da Noosfera”, Luís A. W. Salvi

Pode ser fácil mudar o mundo, afinal...


O mundo tem atravessado grandes crises ao longo de toda a sua evolução, e muitas vezes teve que enfrentá-las em grande conta, mas soluções sempre foram encontradas antes de ser tarde demais para todos.
Naturalmente, a Terra possui “anti-corpos” para resolver os problemas que sobre ela são criados –e para muito além daqueles que prevê a “teoria Gaia”, pois além das “reações da Natureza”, existem a bondade natural, as virtudes das pessoas e também a proteção e a orientação de forças superiores capazes de sempre auxiliar.
Quando o Amigo do Homem –“Prometeu”- entregou o Fogo sagrado à Humanidade, ele previu formas dela prevenir-se e até de safar-se do mau uso deste instrumento divino –o qual pode ser a mente, o engenhosidade, o livre-arbítrio, etc. Afinal, o mundo foi criado por Deus sobre a base do Bem.
Acontece que existe uma arte para cada coisa, uma semeadura para cada Estação, e é preciso conhecê-la. Ademais, a Sabedoria nunca propõe soluções fanáticas, irreais e parciais, pelo contrário: ela é sempre ampla, flexível e generosa.
É preciso contar com estes recursos, portanto, se queremos ter as soluções possíveis. A virtude das grandes soluções, é que elas são propostas universais e de interesse geral, caminhos nos quais todo mundo pode ajudar e ser ajudado.
Assim, pode ser até fácil mudar o mundo, quando podemos contar com a pureza da Natureza –e aqui se incluem fortemente as crianças- e as virtudes dos Mestres, assim como a própria boa-vontade humana. Isto se relaciona ao grande Tripé que todos os Caminhos de salvação sempre apontaram, como é Buda-Dharma-Sangha (Mestre-Doutrina-Comunidade).
É claro que, quando falamos sobre “mudar o mundo”, estamos nos referindo em primeiro lugar a mudar o país, que é a verdadeira tarefa que nos toca como cidadãos. A máxima ecologista “pensar globalmente e agir localmente”, se aplica diretamente aqui: cada cidadão consciente, deve ter a mente fixada ao menos na dimensão da sua pátria. Tal coisa não é inócua globalmente, sobretudo em se tratando de países de extensão significativa como é o Brasil, que é o quarto maior país do mundo em terras contínuas. Algumas premissas revolucionárias ou reformistas, corroboram historicamente a eficácia desta medida desde a Antiguidade. As revoluções mundialmente vitoriosas, têm por base uma grande nação. O sucesso do modelo tende a se reproduzir, e pessoas de boa-vontade sempre estão atentas em toda parte, para apoiar uma transformação social num solo em evolução.
As pessoas “esclarecidas” gostam de dizer que o mundo não pode ser mudado, sem antes as pessoas mudarem elas mesmas “internamente”. Seguramente, há muita verdade nisto. Porém, o espírito prático mostra que o oposto também é válido. As pessoas que não dão um jeito de mudar de vida, tampouco conseguem mudar muito consigo mesmas. Este é um ensinamento mais do que ancestral, e está na base de todo o realismo e a boa-vontade verdadeira –a menos que queiramos nos alienar num fanatismo fundamentalismo, que mal ultrapassa o duvidoso valor de uma droga.
Assim, uma das coisas mais sábias a fazer quando queremos e necessitamos mudar o mundo, é simplesmente... mudar de mundo. O agricultor sabe que não pode semear algo sem limpar o terreno; o educador entende que necessita da atenção dos seus alunos na sala de aula; e o treinador conhece a necessidade da concentração antes da competição.
“Um novo espaço para um novo tempo”, é a máxima inatacável do êxodo urbano. A mudança de ambiente, é uma das grandes medidas tradicionais, providenciais e emergenciais, propostas pela Hierarquia para renovar as sociedades através dos tempos, e sempre com grande validade e eficácia. Tal como o êxodo rural tem uma destinação materialista, porém incha as cidades e deteriora o ser humano, o êxodo urbano inverso detém uma função espiritual, regeneradora, moralizante e libertadora.
É preciso usar a estratégia e a inteligência para o bem. E não ser ingênuo achando que podemos plantar as nossas flores no meio do mato do inimigo, sem contaminá-las: de fato, terminaremos é plantando para ele...
Seremos como o burro atrás da cenoura que nunca irá alcançar. “Na próxima eleição, teremos um candidato melhor, votaremos com mais sapiência”, e assim por diante. Para aquele que busca um ideal, a Democracia passa mais por uma ilusão, mas a idéia de aperfeiçoá-la depende necessariamente do equilíbrio estrutural das coisas, sem inchaços ingovernáveis e nem vazios ingovernantes.
O grande problema da esperança, é que ela é a última que morre –não duvidemos disto. A esperança é muitas vezes uma praga que transportamos até muito além do razoável, restando apenas ela e nada mais. O importante não é esperar ou resignar-se, mas agir de forma inteligente e enquanto é tempo.
O outsider é um estrategista fantástico, à diferença de que ele deve disseminar a sua idéia entre muitos e transformar a sua proposta em algo prático. Por isto, o êxodo tem sido uma resposta recorrente nas grandes épocas de renovação da História, num sentido ascendente do termo, quer dizer, não revoluções materialistas, mas amplas renovações espirituais de caráter multiplicador.
Por alguma razão, o ideal outsider andou contaminando o mundo ocidental há algumas gerações. Então se buscou a idéia da viagem ou da mudança, interior e exterior. Muitos experimentos foram realizados, e a síntese disto tudo deve ser agora colhida.
Pare agora um pouco para pensar, e imagine o tamanho da “revolução” que representa organizar uma Rede de comunidades auto-sustentáveis, com crianças nascendo todo dia que nunca souberam do caos do “mundo exterior”, antes de serem preparadas para nele agir sem serem contaminadas com os seus inúmeros males. A única coisa que pode definir o sucesso ou o fracasso da empresa, não a própria idéia em si, mas o tamanho do investimento em tal coisa. Se muita gente acreditar nisto, o Futuro certamente estará assegurado.
Pois aqui entra então outra grande verdade: a de que as mudanças importantes sempre foram realizadas por pequenos grupos, que com o tempo se expandiram e influenciaram sociedades internamente desorganizadas. Porque todo o seu sucesso se deveu, neste caso, sobretudo a isto: a harmonia entre a disciplina de ordem interior, com o espírito de missão exterior.
Quando um dos pólos das coisas se desequilibra, ele faz pressão sobre o outro pólo. Por isto o equilíbrio é fundamental, e tal coisa inicia com as coisas mais tangíveis, como a administração do tempo, a equação direito-dever e a distribuição demográfica em geral.
O ilimitado e o imenso são o caos, é preciso delimitar o espaço e combater a impessoalidade. Cidades grandes são situações praticamente sem-solução, mas isto não significa que todos não possam fazer a sua parte e participar, mesmo “moralmente”, das grandes respostas e assim evoluir espiritualmente, auxiliando a fazer aquilo que de mais importante possa ser feito por todos: a busca do Equilíbrio Universal!
Aquele que “fica” pode fazer a sua parte auxiliando os que “vão”, pois com isto se alivia a pressão urbana e reorganiza a vida rural ou recria pólos urbanos mais sãos em outras partes, enquanto “ventila” a sua alma sabendo que faz o melhor que se é capaz de fazer pelo mundo.

Da obra “Noozonas – Bases da Noosfera”

O Mundo pós-Guerra Fria: os desafios da Nova Geração


O grande fator que caracteriza este novo período do mundo pós-Guerra Fria, é o abalo sobre a teoria “dialética” do marxismo, na medida em que a suposta autoridade do proletariado sai de cena –por suposto, não sem saudosismos, revisionismos, esperanças vagas e tentativas de “reciclagem”.

Doravante, se recolocam conflitos de valores de maior contraste, o nacionalismo e a própria espiritualidade se relegitimam, mesmo entre arraigados e atávicos sectarismos, razão pela qual as “Cruzadas” são evocadas de todos os lados da parte dos mais fanáticos, numa tentativa anacrônica de reeditar uma Idade Média tecnológica.

Contudo, o mundo também redespertou do seu sono ideológico com novas urgências, já não tanto socializante, mas ambientalista. Tem-se aqui um amplo questionamento vital sobre a sustentabilidade, argumento diante do qual nada e nem ninguém podem se calar. Nisto, se irmanam novas idéias com práticas ancestrais, trazendo à tona as aspirações da “cultura alternativa” e das sociedades tradicionais.
Este ambientalismo não passa ao largo do nacionalismo e da espiritualidade. A depredação da Natureza é muitas vezes fruto da exploração imperialista e da alienação existencial sob a febre do consumismo. Daí ser legítima a luta ambiental sob estas bandeiras que velam por uma das mais profundas bases sociais da nação.
Tudo isto permite reunir novas forças sociais e potencializa um novo campo de conflito de idéias e de valores, recolocando todavia as coisas numa ordem evolutiva ascendente, e não meramente “materialista” e redundante, muito embora grandes potências de ideologia materialista sigam colocando em risco toda a ordem natural.

Alvo direto dos interesses econômicos e da ideologia religiosa imperiais, o Islã se perfila como um aliado natural nas novas lutas de evolução cultural, muito embora deva amadurecer a fim de facilitar o seu trato num mundo globalizado. Embora desunido (como o Cristianismo também é), o Islã é naturalmente uma potência cultural própria, cuja influência cresce no silêncio através da expansão demográfica e da conquista muitas vezes sutil de novas nações.

Contudo, o Islã não será o único e nem o principal ator a sentar-se na mesa das negociações do mundo pós-Guerra Fria, uma vez que os seus interesses estão algo delimitados e a sua área de influência também –pese a sua rápida expansão, inclusive na Europa ocidental.

Vórtice Alternativo - a nova “Esquerda”


Com a homogeneização da política mundial em torno do liberalismo pós-Guerra Fria, os atores sociais ditos “populares” passaram a sofrer certa crise de identidade, deixando um desequilíbrio na ordem política internacional.

Podemos dizer que a nova configuração reivindicativa, começou a adquirir mais ampla visibilidade com o Fórum Social Mundial, embora tenha dado já um sopro de vida nos anos anteriores, marcado pela “Rio 92”, a Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento. Vale notar que este mesmo ano ainda foi marcado no Brasil pela vinda “discreta” do Dalai Lama (sob as sanções da China) e pelo importante Movimento 11:11, um “portal espiritual” impactante ali celebrado, determinando tudo isto a tríade paradigmática Ecologia-Espiritualidade-Fraternidade que sintetiza os novos ideais.

Assim, aos poucos se foi buscando na reserva ideológica do Movimento Alternativo, caminhos para começar a se reorganizar uma nova força social atuante. E aqui, é preciso ficar claro que se trata já de uma outra forma de organização, até com novos valores em pauta, ao menos substancialmente, e não de simples “renascimento” das velhas forças esquerdistas sob uma nova capa, muito embora alguns até possam pretender tal coisa. Isto se prova pela origem mística e pela influência étnica destas novas formações, arraigadas muitas vezes no conceito de nação tradicional e de comunidade, assim como de espiritualismo e de ecologia, embora com maior abertura para o mundo moderno.

Pois na verdade, não são apenas as camadas “populares” que sentiram-se desnorteadas. Não estamos nos referindo com isto, é claro, à torcida do Capitalismo que triunfou por um momento ali. E sim, ao fato de que, reunidos aos movimentos populares, existem comumente algumas elites intelectuais e espirituais, ligadas à ideologias nacionalistas e religiosas. Tal coisa é uma característica do Terceiro Mundo.

Estas forças nobres e religiosas, de idealistas e místicos em busca de finalmente gerar o seu grande momento histórico, no bojo do qual emergirão os novos paradigmas da Ciência unificada com a Filosofia, muitas vezes são usadas por partidos ou membros de ideologias materialistas infiltrados, tratadas por estes como se fossem “inocentes úteis” sem maior organização e história, já que representam efetivamente, todavia, tendências-ainda-em-formação.

Vale cuidar-se, inclusive contra os famosos agentes “melancias”, materialistas/vermelhos por dentro, e ecologistas/verdes por fora: não devemos ter a ilusão de que as forças materialistas “desistiram” dos seus intentos; até porque elas pretendem ver em Cuba e na China alguma sobrevida de esperança. Muita gente anda é desesperada por buscar novos caminhos para velhas causas –embora Jesus tenha dito que “não se põe vinho novo em odres velhos”-, mesmo que de forma escamoteada, migrando de uma ideologia para outra, às vezes mais na aparência que de fato. A ecologia é uma boa forma moderna de lutar contra o Capitalismo.
As novas forças sociais é que necessitam encontrar os seus próprios caminhos, e evitar então armadilhas que as podem levar para o abismo de um passado que está enterrado, sob as mãos tortas de lideranças improvisadas advindas destes setores materialistas que apenas querem usar os desavisados para as suas próprias causas. Os novos caminhos são nacionalistas e espiritualistas a um só tempo, assim como ambientalistas. As palavras “materialismo” e “liberalismo”, adquirem cada vez menor função no (novo) mundo.

Construindo uma nova identidade


É preciso depurar, portanto, o quadro de ilegitimidade que compromete os resultados e gera confusões nos movimentos sociais –basta ver o desprezo e as traições que sofrem nos seus valores ambientalistas, nacionalistas e espirituais, durante as alianças que intentam fazer com os partidos materialistas, quando este chegam finalmente ao poder.

É possível, inclusive, senão diminuir os conflitos, ao menos alterar as relações com as forças materialistas, dentro de configurações mais razoáveis que prometam a superação do conflito civil, desconfigurando o lamentável maniqueísmo materialismo-espiritualismo mantido pelos valores mais limitados das forças materiais (coisa esta que apenas pode ser mudada com realismo, portanto, “desde cima” ou a partir das classes mais elevadas), para restar apenas, o “saudável” e libertador conflito entre o nacionalismo e o imperialismo, então melhor definido e fortalecido pela união interna.

Eis que os novos cenários da revolução, contemplam outros métodos de transformação. É natural pensar que uma revolução proletária demande a violência porque, afinal, é uma involução cultural e se está tratando de reduzir diretamente privilégios, dentro do arco descendente da evolução das Idades. Porém, quando se trata já de uma evolução cultural, dentro do arco ascendente da evolução cultural e das ascensão das classes, então deve ser suficiente a persuasão e as medidas “alternativas” avançadas.

O movimento proletário já teve a sua chance histórica, inclusive como Ditadura de ampla gestão, mas de duvidoso sucesso. Hoje, o trabalhador deve apoiar outras classes com sua força-de-trabalho, e se possível aspirar por melhorar social e culturalmente. Em breve, a burguesia seguirá pelo mesmo caminho, pois sob a crise ambiental, também será obrigada a reconhecer no Capitalismo um monstro a ser enterrado pela evolução, tal a força destrutiva de alienação destes sistemas materialistas.

A expressão “vórtice alternativo”, não deve significar meramente uma tendência out sider desvinculado do “sistema”. Note que a expressão “movimento alternativo” é, inclusive, paralela à de “dialética histórica” empregada no marxismo. Na verdade, aquilo que está realmente em jogo, é toda uma ampla mudança de valores, e não apenas de costumes. É a ascensão das classes idealistas-espiritualistas, amantes da vida interior e da ordem superior, que está em jogo. Para isto, tais pessoas-de-bem, devem manifestar um sentido de hierarquia, de teor algo espiritual, a fim de servir tanto o baixo (povo) como o alto (mestres).

A grande e verdadeira dialética, acontece quando comparecem no palco da História todas as classes principais –tal como o Tao também reúne quatro princípios, dois positivos e dois negativos, o mesmo que os Quatro Elementos. Esta dialética é muito mais rica, significativa e promissora do que o “materialismo dialético” marxista -que até tinha a sua razão de ser no Velho Mundo, onde se assistia o “fim da História”, já que as Civilizações uma vez formadas, apenas decrescem desde a luz para as trevas, ou do espírito para a matéria. O dualismo “esquerda” e “direita” reflete este materialismo final veteromundista, que hoje deve se converter na dialética “superior” e “inferior” –o vórtice ascendente novomundista-, para no futuro dar lugar à dualidade “interior-exterior” no mundo-todo, ou ecumênica (do grego oikumene, “todas as partes”), sob a luz das grandes sínteses, relacionada às duas hierarquias custódias da nova raça: asekha e choham.
O conceito dialético da História foi formulado por F. Hegel, um dos inspiradores de K. Marx e de outros teóricos dos movimentos sociais recentes, porém Hegel era um filósofo maior e não se limitou ao “materialismo”. A filosofia dialética completa segue quatro etapas (a última delas relacionada à Matese, que significa proposta, sistema) que inclusive pode ser relacionada às estruturas sociais, e na relação abaixo incluímos este fatores:

REGIÃO ......... POLARIDADE ........ DIVISÕES ......... ORDEM ........ DIALÉTICA
Velho Mundo ... Esquerda/Direita .... Dualismo ....... 2 Classes .... Tese/Antítese
Novo Mundo .... Superior/Inferior ... Dialética ...... 4 Classes ...... Síntese
Mundo Todo .... Interior/Exterior ... Dualidade ...... Coordenação .... Matese

Tal como o dualismo veteromundista acha-se defasado (o que não impede haver atavismo e conflito entre as situações), e a dualidade mundial ainda não existe, esta dialética atual está, todavia, ainda em construção neste momento, porque temos apenas uma das classes superiores em voga, que é a nacionalista, faltando ainda a espiritualista que apenas começará a se organizar no final deste século XXI -ver adiante sobre o Calendário social.

Estes atores já estavam presentes nas guerras e revoluções do século XX. O conflito de valores é maior na dialética, pois abrange divergências entre nações, ao passo que o dualismo revolucionário é mais interno. A verdadeira síntese apenas se vislumbra à medida em que a dialética amadurece, porque no começo ele ainda tem muito de antítese residual. O intercâmbio de influências é grande, tanto é assim, que os focos e os pólos podem se alternar. As revoluções aconteceram acertadamente mais no Velho Mundo, porém as Guerras Mundiais também tiveram lá o seu foco principal, até mesmo a Terceira Guerra que foi “fria” e se estendeu a todos os Continentes.
Neste século XXI as guerras seguirão mais localizadas, e surgirão novas estratégias sociais, até pela força das circunstâncias, mas também começa a entrar em cena novos recursos da Tradição de Sabedoria. No século XXII começarão a recrudescer estes conflitos e se irá optar mais por negociações. No século seguinte começará a concórdia universal e a PAX será alcançada no mundo, sob a luz de uma dualidade sã voltada para a síntese e a matese.
Assim, para usar a figura social das “Leis de Manu”, é como se a Eurásia recente devesse tratar apenas das pernas e dos pés do Manu -isto é, da burguesia e do proletariado-, porque as outras estruturas sociais –as mais nobres e elevadas- estavam virtualmente atrofiadas nos seus melhores valores.
No Novo Mundo, de forma diferente, se recomeça toda uma nova construção social, e dentro de seu ciclo peculiar (pois o processo formativo é menor): já é hora de pensar no conjunto social pleno. Assim, é preciso valorizar amplamente hoje o “espírito alternativo”, os porta-vozes de valores mais elevados, e integrá-los à vida social plena. O próprio fato destas classes deterem tendências out sider, já seria uma garantia do seu dinamismo interno e do seu poder transformador. Claro que elas também estão sujeitas à queda e ao esvaziamento, deixando só a sua casca, mas isto é coisa que não se espera acontecer tanto neste processo de construção-refinamento social, e sim no seu oposto.
Vemos historicamente, com efeito, a forma como tais forças sociais dinâmicas e “alternativas”, ligadas aos austeros guerreiros e aos refinados espiritualistas, têm reformado profundamente sociedades decaídas ao longo dos tempos.

O novo mo(vi)mento social: calendários


Para chegar ao nosso momento atual, caberia fazer uma recapitulação do ciclo no qual estamos diretamente inseridos.

Baseado no tradicional Calendário Cronocrator, tão usado pelos Antigos, sabemos então que cada ciclo social tem 200 anos, dentro deste período sócio-formativo -já constando em livros acadêmicos modernos, dada a sua notória base científica-, posto que as Idades do Mundo são um outro assunto, embora também empreguem “remotamente” as mesmas bases sociais.
Contando desde a “Descoberta” americana, os períodos dos ciclos sociais são estes:

1500-1700: “proletariado” ............................. Elemento Terra

1700-1900: “burguesia” ................................. Elemento Água
1900-2100: “nacionalismo” (atual) ................ Elemento Fogo
2100-2300: “espiritualismo” .......................... Elemento Ar
2300-2500: “síntese pró-civilizatória” ........... Elemento Éter

A partir disto, o Projeto-Exodus apresenta uma análise do atual ciclo social terciário ou nacionalista (que é o elemento central, acima), em seus três sub-ciclos de 60 anos, sob a regência do Elemento Fogo, o Terceiro Elemento. Os três Signos ou Estações ígneas deste Elemento, que são Áries, Leão e Sagitário, definem as três formas de organização social deste ciclo. Vejamos, daí:

1900-1960. A primeira parte está regida pelo signo marcial de Áries, dominada pela ordem-da-caserna, pois os militares é que implantaram o novo regime e regeram este primeiro terço do ciclo nacionalista, no qual tiveram que despender, inclusive, grandes esforços para abafar as revoltas daqueles que não aceitavam a mudança do regime, já que na prática este ciclo era mais republicano do que popular.
1960-2020. A segunda parte está regida pelo signo solar de Leão, dominada pela ordem-partidária, pois os políticos é que implantaram este segundo terço do ciclo nacionalista, no qual ainda vivemos e que determinou o amadurecimento do novo Estado social, inclusive criando uma Capital própria (Brasília), como sempre acontece nos sucessivos ciclos sociais do Brasil.

2020-2080. A terceira e última parte do ciclo nacionalista, estará regido pelo signo filosófico de Sagitário, denotando uma época de filósofos e viajantes, organizando uma ordem alternativa que valorize a Natureza, pois este signo homem-cavalo ou centauro combina estas duas dimensões e determina uma transição espiritual. A ordem-mística é que fundamentará este novo momento da nação, das escolas filosóficas e das comunas rurais de guerreiros da luz, suas tribos e aldeias sagradas, dentro de uma sociedade pós-Estado semi-anárquica -e novamente isto será alcançado pela união dos aspirantes por esta Nova Ordem de beleza e liberdade.

“Pós-Estado” significa empregar a máquina estatal para fins mais nobres e elevados, cabendo daí todo um esforço em aperfeiçoá-la e torná-la “leve”, já não pela força e nem pela diplomacia, mas pela persuasão inteligente e pela estratégia da mobilização social, utilizando-se nisto dos seus dons de formadores-de-opinião junto ao povo e ao Estado. Estas novas forças “filosóficas” atuarão na forma de custódias do Estado, aconselhando e protegendo os bons governantes, além de exercerem uma supervisão in loco sobre os atos dos governos em geral, organizando-se em paralelo com o Estado como militantes permanentemente mobilizados, e não como militares ou como políticos.
O Projeto-Exodus propõe, daí, como fórmula de resgatar e aperfeiçoar o Estado, a observação de três questões essenciais, a saber:

1. Sufrágio Universal

2. Equilíbrio demográfico
3. Supervisão popular

Em 1932, ocorreram as primeiras eleições diretas no país, para a população masculina. Esta foi, pois, a grande característica e a marca do primeiro sub-ciclo “republicano” e nacionalista.

Cabia, porém, também modernizar o país e apurar a sua segurança. O crescimento da população urbana foi então alimentado pelo êxodo rural, incrementado pelo processo de industrialização iniciado na década de 50, de modo que já na década de 60 se inverteu a proporção demográfica campo-cidade, existindo portanto ali ainda certo equilíbrio. Depois disto, contudo, as coisas saíram totalmente do controle, e se chegou no ano 2 mil com um índice de urbanização de 81%, tendo o Brasil algumas cidades enormes e até imensas, com problemas proporcionais.

É preciso hoje sanar esta grave situação que compromete a governabilidade das cidades e do país, através de um processo migratório inverso e organizado rumo aos campos e aos grandes interiores semi-desérticos do país. Deste equilíbrio dependerá não apenas a harmonia social, como também a capacidade da sociedade realizar uma supervisão eficiente sobre os atos do Estado, coisa que fica comprometida quando existe gente demais ou gente de menos nos lugares e ambientes.


Da obra "Noozonas - Bases da Noosfera", Luís A. W. Salvi

A Parábola do Elefante e o Calendário Social



A parábola do Elefante é bastante conhecida. Vários cegos apalpam um elefante e cada um apresenta a sua descrição do animal; para um ele é como um pilar, para outro ele é como uma serpente, para outro é como uma folha de bananeira, e para outro é mais como uma parede.
Eles querem discutir quem tem razão, e isto não leva a nada. Somente alguém que vê, percebe que todos têm a sua parte de razão, mas ninguém tem toda a Verdade. A soma das partes é que é a Verdade.

A parábola é tipicamente oriental, na medida em que a vetusta Filosofia Oriental alcança contemplar amiúde o Todo.

Contudo, esta parábola não quer desmentir a legitimidade da percepção de cada um, apenas vem lembrar que existe algo Maior, que no caso da política seria a unidade da Nação.
Todos têm uma parte da verdade, as diferença são naturais e legítimas, não tanto como indivíduos –afinal -e preciso limitar tanto relativismo como o absolutismo-, mas como categorias sociais.
As diferenças são legítimas e naturais. Mas todos devem saber que existe uma Unidade que transcende a tudo e a tudo coroa, representando a meta universal da evolução social, e até mesmo a coroa supra-humana da humana evolução.


É importante conhecer o Todo para conhecer a Parte. Sabendo onde devemos chegar, saberemos o que toca agora fazer. É preciso método, metodologia, para não cair no caos e na incerteza.
Como se diz, “cada um quer puxar a brasa pro seu lado”, porém certos ajustes podem favorecer muito a concórdia. Classes são como os Elementos da Cosmologia, que no começo estavam misturadas no Caos, até que a Criação fez uma sair de dentro da outra e gerar o Cosmos a Ordem.

Este é um convite à busca da Verdade, do Elefante completo. Respeitando, porém, as verdades menores, mas sobretudo aquelas mais próximas, que são as mais presentes e atuais, especialmente úteis na evolução ou mais atuantes na composição do Todo, sem atavismos e sem atropelos.

Primar por um sistema social, não significa afogar as outras classes, apenas priorizar aquilo que mais útil para a evolução geral, inclusive em termos de alavancar a mobilidade social.

Os Antigos conheciam calendários da evolução social, tão precisos quanto o calendário de desenvolvimento dos indivíduos, com suas fases “científicas” de infância, juventude, maturidade e velhice.

Alguns analistas sociais, já identificaram este ciclo que os Antigos davam tanta importância. No Brasil, este ciclo de 200 é tão potente, que ele chega a constituir uma nova Capital Federal, simbolizando a oficialização de um novo Estado social.



O Estruturalismo pôs o tema dos ciclos em voga, muito embora haja muito caminho a percorrer até se ter segurança dentro desta sábia, profunda e tradicional ciência.

O Calendário Social


Sucede daí que os períodos de 200 anos determinam ciclos sociais básicos, fato que já consta até nos manuais acadêmicos sobre História Política. Esta cosmologia segue a ordem da “densidade” dos Elementos. Primeiro se forma um Proletariado: Elemento Terra. Depois, sobre esta base produtiva, se forma uma Burguesia: Elemento Água. Logo, sobre esta base distributiva, se forma uma Aristocracia: Elemento Fogo. E por fim, sobre esta base nacionalista, se forma um Clero: Elemento Ar.




No Brasil, talvez por se tratar da nova raça-raiz paradigmática, tudo isto está definido através de um calendário sócio-regional muito preciso e exemplar, que faz do país uma verdadeira mandala geográfica, demarcada pela implantação/mudança das novas Capitais Federais exatamente na fase central de cada ciclo de 200 anos. Esta centralidade no tempo, corresponde à posição dos Signos Fixos do Zodíaco, ditos “signos-de-Poder”, associado, no caso, à consolidação de cada novo Estado social, tendo como símbolo o seu pólo ou a sua polis particular.

Assim, de início se formou as bases do Proletariado, quando a sociedade brasileira estava concentrada no Nordeste, capital Salvador (1578). Depois se formou as bases da Burguesia, quando a sociedade brasileira estava concentrada no Sudeste, capital Rio de Janeiro (1763). Logo se formou as bases da Aristocracia –e ainda está se formando-, com a sociedade brasileira concentrada no Centro-Oeste, capital Brasília (1960). E num futuro não-remoto, se formará as bases de um Clero autenticamente nacional, quando a sociedade brasileira estiver concentrada no Norte, possível capital Manaus.


Note acima, a regularidade cíclica de 200 anos na fundação de cada Capital, não ultrapassado sequer a unidade de 20 anos que é o ciclo katun dos maias-nahuas, base do Calendário Cronocrator que regula os ciclos sociais e das civilizações.

Nesta fase formativa das Civilizações, as classes sociais adquirem a princípio formatos algo incipientes, já que envolve toda uma evolução interna e comum. Tal coisa tolhe a possibilidade da utopia, senão como intenção dentro do próprio parto social, já que todos os esforços estarão concentrados no ato criador momentâneo: todas as classes devem cooperar em prol da evolução comum. Aqui existe a necessidade de obedecer com critério a um Calendário Social, sob pena de uma nação ter as suas bases tolhidas e não alcançar se formar como deveria. Poder-se-ia até falar da imposição do coletivo sobre o individual, sob a carga da necessidade comum, porém cada vez menos, na medida em que as estruturas sociais evoluam e se completem.

O trabalho, por exemplo, evolui nestes ciclos no sentido escravidão=>servidão=>serviço=>colaboração, culminando portanto no trabalhador livre sob o marco da manifestação do clero. Em sentido oposto, o clero se expressa através das fases sócio-formativas como dogma=>reflexão=>instrução=>iluminação. Da burguesia, podemos estimar a evolução exploração=>concessão=>associação=>partilha. E na Aristocracia, se poderia entrever a evolução como sujeição=>voluntarismo=>corporação=>irmandade.


É sempre importante resgatar o sentido –e o espírito- da palavra “aristocracia”, já que na decadência do ciclo monarquista do Velho Mundo, o tema se resumiu a uma nobreza decadente concentradora de privilégios. Nada mais contrário à realidade, senão que a natureza desta classe envolve efetivamente poder político e mesmo a administração. A verdadeira nobreza é formada por guerreiros-da-alma, uma casta superior devotada à justiça e à ordem, defensora da moral e da religião. Assim, a aristocracia (do grego aretê, “virtude”) é a classe dos justos e virtuosos, são eles que defendem a nação dos espoliadores, como dirigentes sociais e militares graduados. Fazem a ponte entre o povo e a religião, protegem os interesses do clero e, através destes, de Deus mesmo.


Esta é a fase em que nos encontramos hoje, de formação de uma classe de guerreiros nacionais. Por isto, as bases da aristocracia se assentam no Nacionalismo, que é uma das grandes tendências sociais modernas, a se embater contra as poderosas ideologias dominantes em outras classes organizadas, especialmente a burguesia capitalista nos nossos dias, já que a força do proletariado organizado está em descenso. Sua expressão superior é a Monarquia, já no arco das Idades do Mundo, quando despontam as Idades de Prata das Civilizações. Os valores da Monarquia são outra realidade a ser oportunamente resgatada, em toda a sua beleza de regime heróico, assentado sobre a base social da Aristocracia.




Porém, o Calendário das Idades segue uma evolução oposta e mais alongada do que a formação social, porque representa o lento descenso da Pirâmide do Tempo. Nisto, valeria adiantar, e sem querer exasperar ninguém, que as realidades sociais dos distintos hemisférios da Terra, podem nem sempre ser as mesmas, já que integram de certo modo arcos opostos da Pirâmide do Tempo. A análise marxista, por exemplo, detinha certa universalidade atual, porém era ainda mais válida para o Velho Mundo, razão pela qual -dir-se-ia-, ela teve maior facilidade de se expandir por lá. No Velho Mundo, havia maior influência atual das classes materiais, sob a desconstrução das classes espirituais, ao passo que no Novo Mundo tudo está ainda em construção, e hoje se parte da base material algo consolidada, para criar as estruturas sócio-espirituais futuras.

Como último detalhamento, precisando o momento atual, sucede estarmos no ocaso no ciclo formativo nacionalista, sendo a aristocracia uma classe regida pelo Elemento Fogo. Tal como o momento atual de 60 anos está regido pelo signo de Leão, o Rei solar, e o anterior esteve regido por Áries, o guerreiro puro e impetuoso que estabeleceu no país uma República militarizada em 1889, este novo momento que começa em 2020, estará regido pelo arquétipo de Sagitário, o Filósofo aspirante. Tal coisa prepara naturalmente o ciclo social vindouro, de base expressamente espiritual ou religiosa da nação. Por esta razão, da mesma forma como hoje se fala muito da importância do Nacionalismo-social (não confundir com Nacional-socialismo/Nazi-Fascismo, que é uma inversão materialista destas premissas), a partir da década de 20 se falará mais da necessidade de um Nacionalismo-espiritual, quando a sociedade nacional demandará a necessidade de se apurar e evoluir moral e espiritualmente.




Estes momentos centrais que ainda vivemos, são também aqueles de consolidação do Estado, através do aprimoramento de Democracia –algo para o qual o “Projeto-Exodus: um Mundo para Todos”, tem muito a contribuir e vem em boa hora, com sua proposição dos Três Pilares da Democracia: 1. governabilidade via equilíbrio demográfico campo-cidade, 2. sufrágio universal voluntário e 3. supervisão popular sistemática.


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Os Senhoresdo Tempo: Ocidente e Oriente - uma astrologia social (parte I)
Os Senhoresdo Tempo: Ocidente e Oriente - uma astrologia social (parte II)


* Luís A. W. Salvi é autor polígrafo com cerca de 150 obras, e na última década vem se dedicando especialmente à organização da "Sociologia do Novo Mundo" voltada para a construção sócio-cultural das Américas.
Editorial Agartha: www.agartha.com.br
Contatos: webersalvi@yahoo.com.br 
Fones (51) 9861-5178 e (62) 9776-8957

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A Redenção Democrática


Não é casual que o Projeto Exodus tenha sido codificado no ano de 2004, logo que o PT chegou ao poder e mostrou a que veio.
Havia passado 40 anos do Golpe Militar. As expectativas do retorno de um governo popular ao país era simplesmente imensa.
As tentativas e a torcida nacional era enorme. Uma liderança popular havia sido longa e criteriosamente elaborada.
Mas as decepções começaram já na campanha política, com as alianças e as quebras de promessas demonstradas.
Já era a terceira vez: Collor-FHC-Lula... e como diz o ditado, “três é demais”.
Uma vez chegado ao poder, as decepções logo se multiplicaram.
Viu-se que temas pulsantes como reforma agrária, emprego e ecologia, assim como segurança social, não receberiam nada parecido com a atenção que se esperaria.
Pelo contrário: os banqueiros, o latifúndio, a macroeconomia seguiriam dando as cartas e os porões da ditadura seguiriam lacrados, na contra-mão da História, preservando a impunidade da violência policial.
A frustração era imensa... e definitiva, apenas confirmada com o passar dos anos, salvo certos efeitos de maquiagem política.
Tanto esforço coletivo, para alcançar resultados tão pífios, quase apenas simbólicos.
Era preciso dar um basta na ilusão, e questionar seriamente, não a Democracia, na sua essência, mas sim as suas falhas e debilidades, quiçá os limites das suas formas institucionais atuais de proceder.
Um basta ao enfoque preferencial de Estado na política.
Basicamente, questionar a suficiência (e não a eficiência) do Estado como provedor de respostas sociais.
O impasse estava lançado, e era gigantesco. Demonstrou-se então, que seria necessário uma reestruturação geral da própria nação, para livrá-la de males irracionais que se tornaram crônicos, criando impasses instransponíveis.
Teve início assim um rico ciclo literário, com diversos enfoques.
Um Calendário foi revelado. Um programa misto de Estado foi formulado. Um conceito pleno de Civilização foi alcançado.
E para coroar a tudo, um Projeto foi elaborado para conferir soluções universais, sendo divulgado a partir de 2005, no Fórum Social Mundial.
O Calendário Cronocrator demonstra os ciclos sociais do país, enquanto o Projeto Exodus trata de definir meios de consolidar o presente social e preparar o futuro, organizando uma sociedade militante na Região Centro-Oeste para custodiar as instituições democráticas e proteger a Amazônia, foco do futuro ciclo social espiritual e que despontará na preparação da futura raça-raiz, também aqui sediada segundo os anais teosóficos.

“Pilares da Democracia”

No plano da Democracia, o Projeto Exodus veio oferecer a sua decisiva colaboração. Na obra “Rumo ao Brasil Profundo”, encontramos os chamados “Três Pilares da Democracia”, a saber:
1. Condições de governabilidade (distribuição demográfica);
2. Sufrágio universal (ou voto);
3. Supervisão popular (militância social).
Vale comentar estas Três Grandes Verdades da Democracia, de grande simplicidade de enunciado e de entendimento (não obstante desafiadoras na prática), e que na prática são absoltamente unas, porque a ausência de algum destes fatores, fragiliza seriamente o sistema.
O primeiro item pretende demonstrar que a governabilidade de uma nação depende do equilíbrio demográfico, seja no campo como na cidade. Tanto o excesso quanto a deficiência humana, compromete a governabilidade de uma região ou localidade. O excedente demográfico prejudica o trato social, ao gerar falta de trabalho e de segurança, além de produzir o anonimato. A anonimação é o princípio do caos social e uma afronta à cidadania, devendo ser compensado por legislações infinitas e policiamento de segurança. Anonimato não é tanto informalidade fiscal ou desidentificação documental, e sim quando as pessoas são organicamente desconhecidas entre si num agrupamento social. Apenas o oposto, ou o nonimação, permite a criação de um consenso social ativo e uma ética cidadã. Do outro lado, os vazios demográficos são alvos de mau uso da região, sua má administração e má supervisão. Na prática, tudo isto demanda hoje um grande êxodo urbano e um translado de populações inteiras, uma vez que as três regiões costeiras (Nordeste, Sudeste e Sul) ainda concentram nada menos do que 7/8 da população nacional, mesmo detendo apenas 1/3 do território do país.
O segundo item confirma a necessidade do sufrágio, como informação geral das intenções sociais e das necessidades sentidas pela população. Aqui vale assegurar sobretudo a legitimidade do voto, que não deve ser obrigatório e nem alvo de suborno, além de se ter um sistema eleitoral seguro e inviolável. Contudo, o alcance e a natureza do voto também estão sujeitos a debate: distrital, proporcional, etc.
Por fim, o terceiro item consolida a tudo, através de uma militância ativa. Muitos vêem na “ética”, uma solução política. Ora, sonhar é bom, desejar é positivo. Porém, é muito importante dizer como podemos chegar a tal coisa, para não nos limitar a um moralismo politicamente inconseqüente, bom apenas para atrair as massas ignaras. Se as melhores mentes têm se dedicado tanto ao assunto da política, e mesmo assim as dificuldades se mantém, é porque a coisa não é tão simples. Ética é fundamental, mas num sistema feito para corruptos, um candidato ético terá especiais dificuldades, poderá até se eleger, porém não se manterá, por ser demagogo ou por ser... ético. No Terceiro Mundo, existe muita pressão e não podemos ignorar as lições da História. Não basta o carisma e a virtude do líder ou candidato: é essencial que a sociedade se mobilize intensamente em torno deste candidato, para além da máquina partidária.
E há mais problemas estruturais sérios no Brasil. O “Estado Democrático de Direito” é ainda uma realidade remota, possuindo vícios estruturais, recentemente ratificado pelo Supremo Tribunal ao confirmar a anistia dada aos torturadores, decisão que supera a sua competência porque a sociedade aspira pelo contrário. É fundamental punir condutas de lesa-humanidade, sob pena de nos mantermos sob insegurança geral. Não é vingança: é justiça e segurança, e de modo algum uma situação destas pode ficar impune. É apenas por isto, que o Brasil é considerado um país onde a tortura ainda é realizada sistematicamente. A violência policial que recai sobre os pobres, sobretudo, é um reflexo direto e uma herança desta situação, neste que guarda a terrível pecha de país socialmente mais injusto da Terra. A violência é o sinal alarmante de que a democracia no país ainda tem muito de fachada.
Assim, para disciplinar os políticos e mesmo custodiar os Poderes em geral, a supervisão popular apenas se faz eficiente mediante a militância social, que não se limita ao corpo partidário e burocrático. Um dirigente social deve estar cercado de assistência ativa, como receptáculo direto das suas ações. Nenhuma autoridade encastelada na sua torre de marfim, haverá de fazer coisas boas pela sociedade. Toda autoridade está sujeita a pressões, isto é natural da sua posição. A pressão contrária deve ser neutralizada pela resistência legítima das pessoas representadas. A pressão popular se legitima quando o governante demonstra inércia, devendo também ser cobrado ao final do mandato não apenas pela reeleição, mas também penalizado por tomar debalde o tempo vital da sociedade com um mandato vazio. A supervisão popular depende também de atos presenciais, não bastam gestos virtuais. Idealmente, envolve um convívio real, ou a proximidade efetiva. Assim, se eu quero muito ajudar um governante, eu deveria estar fisicamente próximo a ele.
Mas com tudo isto, a Democracia ficaria solidamente assegurada, a partir das bases das condições de governabilidade, dos meios de verificação das intenções sociais, e consolidada pela direta supervisão dos governantes por parte da sociedade organizada.
Tudo isto envolve também provavelmente um plano-de-poder, porque o uso do Estado é fundamental para medidas de tal amplitude, que devem concentrar os esforços de gerações inteiras. Não obstante, o sentido interno, é que não basta ter leis: apegar-se à letra morta de um texto constitucional, é ingenuidade, hipocrisia ou demagogia. Livros escritos e não lidos não fazem diferença nenhuma, tanto que as Eras de Ouro desprezam soberbamente a escrita, e os iniciados enfatizam a importância da transmissão oral, vivencial, a tradição e a “ética viva”.
No Brasil, existem inúmeras leis que nunca chegam à prática cidadã, porque não existe estrutura de Estado para aplicá-las e nem a sociedade as conhece para cobrá-las. Muitas vezes as leis são mesmo usadas no contrário da sua intenção. Exemplo: as verbas destinadas ao meio-ambiente, são comumente cooptadas pelos setores produtivos privados, em programas de fachada ambientalista, mas basicamente anti-ecológicos.
Uma Constituição é só um livro que sem ser lido de nada vale, nada significa, nada importa, nada diz. Ou seja: leis exigem ações. Uma lei sem respaldo factual –como tanto acontece - é uma ilusão às vezes até contraproducente. Vale muito mais a consciência das coisas respaldada por ações.
Se tudo isto é uma utopia, provavelmente a Democracia também será. Porém, nada indica que assim deva ser, bastando para isto vontade e organização social. Por tudo isto, o Projeto Exodus foi chamado de “a grande chave da História Moderna”, pois através dele toda a problemática atual está colocada.

Da obra "Crise, Regeneração e Evolução do Estado", Editorial

Sobre a Religião da Civilização


A Doutrina da Civilização, ilumina os caminhos da humanidade na busca da superação da condição humana. Aponta para aquilo que advirá no ciclo cósmico vindouro da Terra.

Civilização não é antagônica à Natureza, mas traduz mistérios que subjazem à ordem natural, como sugerem os cânones sagrados empregados pelos seus idealizadores originais. Trata-se, pois, de um caminho de transcendência no sentido rigoroso do termo.

É por esta razão que o preceito civilizatório pode ser considerado em si uma religião, mas também uma ciência e tudo o mais, pois envolve todas as instituições e formas de expressão. Apenas não se pode confundir com a civilização da religião, que seria a teocracia e seguramente ainda uma expressão civilizatória menor, assim como uma tônica humana por excelência –sempre e quando se entende por teocracia uma clerocraria de regência sacerdotal, e não alguma espécie de regime divino, onde os próprios profetas chegam a dar mostras do poder espiritual na Terra, fundindo por alguns momentos o Governo Oculto da Terra com os Governos Manifestos dos homens.
Não se trata de a civilização poder alcançar o seu age já neste ciclo humano, mas de ir adaptando-o aos cânones superiores, como base e matéria-prima para a futura cultura da quintessência, síntese entre o natural e o sobrenatural que é, ou do imanente e do transcendente.

Sem que isto signifique nenhuma violência contra a humanidade, pelo contrário, a Hierarquia respeita o livre-arbítrio e trabalha com a paciência de uma mãe para conduzir amorosamente e de forma auto-sacrificada, o homem através dos próprios caminhos humanos de realização.
Provas disto, é que nenhum Mestre pretendeu ou se capacitou jamais a assumir o poder, pese o que possam dizer os mitos e pretender os homens nas distorções praticadas nesta direção. Afinal, a Hierarquia não é uma classe temporal ou terrena capaz de impor ou reivindicar o poder de algum modo, pois ela mal se manifesta na terra em entidades únicas como a da Unificação Vicária. A idéia de que o reino divino pudesse ser deste mundo –e a teocracia ainda não é isto, menos ainda o anarquismo naturalista–, foi negada pelo próprio Cristo, ainda que, depois do ciclo humano (ou dentro de poucos milênios), aí sim isto possa vir a acontecer.

As formas hieráticas buscadas pelas coroas ou tiaras no poder, remetem à simples representação divina ou, na verdade, hierárquica. Os mestres representam os deuses, e os homens nobres e espirituais simbolizam os mestres. É desta última modalidade representativa que se trata, pese mais uma vez todas as distorções promovidas pela cultura humana.

A missão da Humanidade em seu próprio nível, é compor-se através das Quatro Cruzes relacionadas a raça, classe, cultura e religião. Nos seguintes termos:

1. As Quatro Raças: negra, amarela, branca e vermelha;
2. As Quatro Classes: proletariado, burguesia, aristocracia e clero;
3. As Quatro Culturas: nomadismo, tribalismo, ruralismo e urbanismo;
4. As Quatro Religiões: noviciado, discipulado, iniciação e redenção.

Como se percebe, todas estas classificações são bastante genéricas, tratando mais de princípios ou níveis de realidades, que de suas especificações históricas concretas e etnizadas.

Além disto, estes princípios devem ser combinados entre si. Mas isto já seria, de certo modo, mais a missão da hierarquia, que é organizar-se na forma do Grande Pentagrama, orquestrando a estrutura humana e levando-a a uma transcendência coletiva, como se começou a vislumbrar –e nada casualmente-, a partir desta quinta raça-raiz, a árya.

A palavra “transcendência” é usada aqui no sentido hegeliano de superação ou de evolução. De outra forma, o que se buscará é uma síntese entre a imanência materialista e a transcendência espiritualista.

A etapa atual, é realmente a de compor estas bases quaternárias, para o que a Hierarquia presta a sua assistência amorosa e inteligente, a fim de converter a negação e os conflitos humanos em aceitação e harmonia, e nada mais do que isto, para um dia realmente se alcançar a síntese e a liberdade, a mobilidade e pluralidade natural no tempo-espaço.

a. A Luz das Idades

Não obstante, esta filosofia abraça o tempo na eternidade. E acata a idéia de ciclos para aprimorar a evolução mundial, sem pretender atropelar etapas, antes harmonizando o real e o ideal, colocando as bases necessárias à futura síntese universal.
A evolução social das sociedades antigas, oferece um panorama bastante nítido da transformação cultural que acompanha os sucessivos períodos da História.
O quadro é perceptível com bastante nitidez no caso da civilização grega. E, de um modo geral, seria o seguinte:

a. Idade de Ouro = EPOPÉIA
b. Idade de Prata = MITOLOGIA
c. Idade de Bronze = FILOSOFIA
d. Idade de Ferro = CIÊNCIA

Podemos dizer que este quadro contempla basicamente a síntese no alto, e a análise na base. Os intermediários seriam gradações.

De certo modo, o reducionismo materialista é um mal das idades menores. Não se trataria aqui, contudo, tanto de deplorar a Ciência nas idades maiores, mas dar-lhe um lugar mais adequado e também um enfoque algo espiritual.

O pensamento mítico, por exemplo, passaria na realidade muito mais por pós-racional do que por pré-racional, como se pretende muitas vezes, desde o ângulo das idades materialistas, por exemplo.

Podemos analisar o quadro em termos humanos, inclusive tratando o tema das “idades” dentro de uma dinâmica social. Assim:

Os melhores proletários são os libertários.
Os melhores burgueses são os humanistas.
Os melhores aristocratas são os heróis.
Os melhores clérigos são os santos.

Para quem desejar conhecer mais sobre o interessante assunto das Idades e sua dinâmica, remetemos o leitor ao texto “A Evolução Cultural da Grécia Antiga”, em nossa obra Antropologia Geral.


Da obra "Genese - Tratado de Teologia Política", Editorial Agartha

Transição ideológica e contradição


Depois da queda do Muro, acirrou-se a problemática deste verdadeiro limbo filosófico que é a chamada new age, um movimento de reconstrução cultural integrado à Modernidade, e que ainda contém muito de desconstrução, levando todavia muita gente a “filosofar” como se se tratasse das “novas coisas”, quando na verdade não passa de tendências momentâneas que ainda não se afirmaram como contexto histórico oficial. Porque se tem intentado edificar doutrinas completas que combatem esta situação de crise institucional, em atitudes algumas vezes amadorísticas e prematuras, absolutistas, nihilistas ou negativas, quando se poderia tentar apenas uma reforma ética ou conjuntural.
Ora, nenhuma teoria amadurece antes de virar prática, e quando ela se afirma no solo da História, seguramente apura as sínteses necessárias. Enquanto a grande maioria ainda tenta viver as velhas teses acomodadas, muitos ainda andam na esfera da antítese crítica, uns poucos têm elaborado sínteses e raríssimos já alcançaram mateses (propostas) reais. Nisto, já ajuda muito a própria formação do filósofo, porque aquele que tem sido um prático na sua vida –seja em que nível for–, também tenderá a ser realista na vida de todos. Por “filósofo prático”, queremos dizer, aqui, um profissional, alguém dedicado que leva a sério a sua atividade e que realizou uma formação filosófica sólida, que não é um lírico, um diletante ou um amador.
As fortes mudanças ideológicas hoje em voga, dão margem a migrações que não raro deixam um rastro de incoerências, dificultando a geração de novos contextos sociais de transformação ativa do mundo. Contudo, aquele que alimenta graves contradições, deveria fazer uma análise das suas posturas, seja uma análise profissional ou não. Aqui pretendemos dar uma contribuição ao tema.
A precipitação filosófica é um traço egocêntrico, porém esta imaturidade pode ser crônica quando deriva de um estado-de-consciência limitado, materialista e individualista, que impossibilita as sínteses. Nada impediria uma visão verdadeiramente reformista, crítica e depuradora das coisas, porém sem chegar aos extremos da negação e da destruição, tal como realizam os mestres iluminados que vêm ao mundo nos períodos “anárquicos” do mundo, como foram os casos de Buda e de Jesus, com suas doutrinas interiorizantes e não-estruturantes –o que é muito diferente de destruidoras, quiçá desconstrutoras. Estes avatares não pregaram contra as instituições, apenas não deram ênfase em algo que não merecia ênfase porque já estava suficientemente estabelecido na consciência humana, e fazê-lo de outro modo seria colocar lenha num incêndio que merecia mais ser apagado. Pelo contrário, eles pregaram a interiorização da consciência, a fim de equilibrar as coisas e preencher estas instituições de conteúdo.
Acontece muito que pessoas engajadas numa causa, quando muito desiludidas, podem ficar tão arrependidas, que não querem mais saber de nada que pareça com aquilo que defenderam. Isto acontece muito com os seguidores de fanáticos e radicais como Stalin e Hitler, que uma vez visíveis os terríveis malefícios dos atos destes tiranos, e temerosos da opinião pública, passam a exercer um repúdio generalizado por tudo aquilo que remotamente tenha a ver com tais personagens. Até porque, de forma algo associada a isto, existem os cínicos e demagogos que se valem destes exemplos extremos, como pretexto para combater toda e qualquer ideologia mais ou menos afim.
Tudo isto caracteriza, pois, uma espécie de trauma, o remorso de ter apoiado causas perniciosas, somado ao medo de ser acusado ou responsabilizado. Estas pessoas até podem ter alguma boa vontade, mas também tem problemas íntimos não-resolvidos.
Sabemos que muitos militantes políticos mais ou menos radicais, migraram para outras filosofias, como a ecologia e a espiritualidade, até como “alternativa” ideológica. Porém, estas pessoas nunca deixaram de todo de ser aquilo que eram, porque no fundo elas estão mais é à procura de “outras formas de luta”, mas sem abrir mão de certo núcleo ideológico pessoal, não raro de fundo patológico. Este é um fato histórico e sociológico bastante evidente em nossos dias, quando vemos uma fusão saudável e natural entre movimentos sociais, espiritualidade e “etnicismo”.
O fato tem sido identificado politicamente; já faz algum tempo, as forças capitalistas repressivas cognominam de “melancia” a certo grupo de pessoas que são “verdes por fora e vermelhas por dentro”, quer dizer, ecologista declarado, mas ocultamente comunista –coisa esta que poderia desencadear repressões mais violentas contra os ecologistas. Nos últimos tempos, a luta ambientalista tem sido vista realmente como um novo reduto para as “esquerdas”, porque as forças cegas do capitalismo e do imperialismo afetam seriamente o meio-ambiente, muito embora as atitudes da ideologia marxista, tampouco demonstrem nada de muito mais avançado ambientalmente –de fato, um dos grandes fatores do fim da União Soviética, foi o terrível acidente nuclear da usina de Chernobil, eliminando uma das zonas mais férteis do império soviético. Nisto tudo, seria importante e mais seguro, o surgimento de uma ideologia ambientalista de viés científico, e também espiritual.
É notório realmente, que a ecologia surge como elemento determinante nestas pessoas que migram de política para a espiritualidade, como se tivessem necessidade deste elo material, ainda que a Natureza seja uma realidade tão ampla e profunda, que também contemple dimensões sutis. Assim, o xamanismo é outra forma mística que atrai estes “espíritos-em-transição”.
Sucede comumente, porém, neste novo contexto, e como seria mesmo inevitável, certa crise de legitimidade, acarretando as “contradições” citadas de início. Contradições é também aquilo que acontece quando colocamos as emoções acima da razão superior; alguém pode ter uma jóia nas mãos e ser incapaz de ver a sua luz, porque está simplesmente invertendo as premissas. Isto se deve a que tais pessoas não tem uma autêntica vocação espiritual ou ainda não se trabalharam de maneira satisfatória.
É assim que vemos o uso ilegítimo de idéias e de movimentos, que certas pessoas buscam enquadrar dentro das suas velhas idéias. Observamos daí políticos tentando que a espiritualidade se adapte às suas idéias sociais, ou seja, querem ver a mística desde o ângulo da política, e não o inverso como deveriam fazer. Trata-se geralmente de uma distorção e de um reducionismo, especialmente quando afrontam as grandes sínteses reveladas e promovem apenas novos fanatismos irracionais, quiçá apenas ainda não denunciados historicamente. Um dos aspectos notáveis das contradições destas pessoas, é certo histerismo e denuncismo, confundindo as ordens e as hierarquias espirituais com tiranias e fascismos, coisa extensível às ordens sociais organizadas. Podemos até mesmo entrever ali certa estratégia gramsciniana, onde a “mudança não poder acontecer do alto para baixo”, e ao indivíduo não cabe um papel de relevo, e sim ao “partido”. Autoridade é irremediavelmente associada a autoritarismo, encobrindo a inveja e a mediocridade sob a capa da ideologia. Estes políticos “táticos” migram de ambiente, mas mantém as suas ideologias, tentando cooptar simpatizantes em novos meios para velhas causas, sem respeitar a essência do meio onde estão e se aproveitando da inconsistência política dos seus freqüentadores, tratando então de tentar implantar artificialmente a sua visão política em ambiente alheio. E nisto atacam, é claro, especialmente as lideranças potenciais, num combate desproporcional e pouco legítimo de idéias. Gramsci era um estrategista da micropolítica (às vezes parece fazer parte de sua estratégia renegar Gramsci), cuja base está no discernimento entre Ocidente e Oriente, onde este daria mais valor ao indivíduo e à autoridade, enquanto aquele priorizaria as massas.
Quando um destes “ativistas” invade um espaço democrático, ele luta para que o espaço assim se mantenha, para poder impor a baderna e a luta ideológica. Outra tática muito usada então é a “propagandística”. Na falta de argumentação válida, como quando se depara com um oponente intelectualmente mais forte, o ativista trata de insistir continuamente numa idéia, buscando marcar o inconsciente dos ouvintes ou leitores. Esta é conhecida como a técnica nazista de Goebels, científica e efetiva, usada em algum grau por quase todos os meios de propaganda. Quando falta conhecimento apela-se para o lado pessoal, e quando as idéias são curtas impõe-se o ostracismo, tentando trazer assuntos particulares à tona, não raro caluniando e buscando alimentar nos outros o preconceito ideológico ou pessoal, pois a bem da verdade muitas vezes esta conduta fanática e hipócrita mascara enfermidades mentais antigas e má-formação do caráter.
Não obstante, muitas destas visões, sequer na esfera filosófica ou política teriam maior coerência e legitimidade, nos termos do materialismo. Que dizer da espiritualidade, onde tentam penetrar? Apenas podem fazer estragos, promover discórdia e confusão. Alguns talvez nem tenham tal má fé, mas inexperiência e ignorância. Por isto, vamos tomar emprestadas as palavras de Karl Marx quando chamar o anarquismo de “seita” e “amadores” sociologicamente. Por quê razão Hegel e Marx conseguiram tantas coisas, enquanto Proudhon, Bakunin e Malatesta pouco alcançaram? Porque aqueles identificaram a hierarquia social, enquanto a anarquia nega autoridade e rebanho, nega a história e é míope para a realidade. Mesmo com suas limitações, Hegel e Marx seguem sendo úteis na evolução, ao passo que os anarquistas apenas gerarão confusão e divisão, dando matéria somente para os nossos sonhos. Lê-los até pode ser útil depois das batalhas, mas nunca antes.
O mau-filósofo, o amador, mistura emoções e projeta desejos pessoais nas suas idéias, e o que ele quer para si pensa querer para todos, de imediato ou não, colocando-se assim, narcisisticamente, como um paradigma absoluto de evolução, esquecendo que ele mesmo está em evolução. Para conhecer a Verdade, é preciso isenção pessoal. A verdade é um pássaro livre que foge às cadeias dos preconceitos - contra ou a favor. Não é possível pensar o futuro, sem uma avaliação correta do passado. Tal coisa deve ser tão impessoal quanto possível, de modo que o distanciamento no tempo também ajuda, assim como a evolução da consciência.
Nota-se daí que as pregações destes migrantes ideológicos enfatizam aparentemente a “democracia” em si mesma e com ênfase, diferente do que havia no passado quando a “ditadura do proletariado” era vista como uma opção social. Ora, a Democracia é uma forma de dar conhecimento à vontade do povo, não sendo um fim em si mesma. Para as forças de esquerda, por exemplo, até antes do golpe do Chile ela seria um instrumento para implantar o Socialismo. Hoje, ela pode servir para lutar em favor da Ecologia e muitas outras causas...
Foi assim também que, em 1993 houve no Brasil um plebiscito no qual a sociedade brasileira decidiu manter como forma de Governo a República e não adotar a Monarquia (da qual mantém uma tradição quase única e principal nas Américas), e manter como sistema de Governo o Presidencialismo e não adotar o Parlamentarismo. Em nenhum momento se discutiu a “Democracia”, porém a Democracia permitiu discutir estas outras coisas. Que isto sirva de lição para todos nós!
O Estado-de-direito visa permitir a livre-expressão das idéias e das opiniões, sem coerção. Ter na Democracia um fim em si, seria dizer que o livre-arbítrio se auto-justifica, e negar que existe um Plano maior ou que “tudo é permitido” ao modo anarquista ou luciférico. A Democracia sem uma direção, pode se tornar a seara do caos, por isto, as forças conscientes da sociedade devem imprimir tendências criativas e positivas a isto, sob pena de apenas fomentar o oposto, na forma da violência, da libertinagem, da exploração, da devastação e da decadência moral. Uma transição de épocas sempre traz muito questionamento, porém isto se destina à uma depuração e renovação dos valores, não meramente ao total abandono dos valores e ao esvaziamento das instituições. Assim, que as pessoas conscientes sejam ativas e dêem o melhor de si, porque o “outro lado” também vai naturalmente se fortalecer.
Estes democratistas (não-verdadeiramente democráticos) confundem daí os meios com os fins, deixando tudo algo sem sentido. Democracia é uma Forma de Governo, não Forma de Estado; é aquele ambiente social no qual as coisas podem ser discutidas –inclusive a Forma de Estado e a própria Democracia-, a partir de um estado-de-direito pleno. Este também se mistura com o “poder do povo”, porque todos têm direito à opinião, à manifestação e ao crescimento -de fato, todos devem poder evoluir, o que não significa que a opinião de todos tenha um peso final igual, porque a democracia é o direito de todos poderem evoluir mas a capacidade de cada um já será um outro assunto.
Na verdade, existe realmente certa precedência de atividade política “esquerdista” nos meios espirituais, que tem favorecido esta migração ideológica pós-muro de Berlim. Inicialmente, havia já a Teologia da Libertação, na qual sabidamente setores da Igreja Católica simpatizavam com o marxismo. Outra frente combina ecologia com espiritualidade através do franciscanismo, parte dela vinculada à Teologia de Libertação. É sabido que São Francisco hesitou muito em estabelecer Ordens, e quando o fez determinou atenuantes, como ao nomear de “Irmãos Menores” e coisa assim. Seria esta já uma tendência de época, talvez movida pela falta de legitimidade do clero, que Lutero já se recusará em definitivo em encarar. A Reforma representará, pois, um sério abalo na idéia da hierarquia religiosa.
Mesmo dentro da mística e do esoterismo, não raro naturalmente afeita ao ambientalismo, formou-se uma tendência anarquista através das pregações de filósofos como Krishnamurti e Osho, repletas de contradições mas de forte repercussão, pese ser irregular e heterodoxa, ocasionando tudo isto uma separação com o espírito-de-ordem tradicional. Krishnamurti é bastante radical, e mostra só um lado da moeda, porque tudo tem dois lados. Sua filosofia é considerada uma das mais monótonas e monocórdicas que existem, pois té o Zen, que focaliza o Sunyata (Vazio) aqui e ali, flerta com a manifestação: samsara é nirvana, reza uma das suas grandes máximas, ao modo de koan. O “Caminho do Meio” é uma premissa Mahayana, onde se insere o Zen. A Tábua de Esmeraldas do hermetismo, ensina a buscar as “forças do alto e do baixo” como forma de liberação.
Vale mencionar ainda que a Maçonaria, ondem meio mística e meio social, tem lutado historicamente pelo republicanismo. Além do fato do budismo haver sido golpeado no Tibet e o popular Dalai Lama haver deixado de enfatizar no exílio a importância da teocracia tradicional, talvez por razões estratégicas, de forma semelhante como em tempos anteriores certas forças de esquerda viam na democracia uma forma de alcançar o poder, coisa esta que chegou a se realizar no Chile de forma mais substancial, sendo ali mesmo abortada violentamente (desde 1973), encerrando todo um ciclo de aspirações iniciado em 1968.
Coisas assim, ainda podem produzir uma verdadeira autonegação perniciosa, produzindo crises íntimas, como no caso de um líder que tem preconceito contra hierarquia, que passa a ter medo de liderar, ou senão, que apenas finge não liderar, numa dicotomia entre discurso e prática. Finalmente, ocorrem as ideologias cruzadas e ilegítimas, com flagrante inversão de valores e tentativa de usurpação de autoridade. Isto se confunde com condutas até comuns nos meios místicos e intelectuais, onde também é comum a inveja e a competição, na medida em que os egos ainda impedem a visão da prioridade da união para finalmente se alcançar aquela necessária e oportuna mudança cultural, pela qual todos terão finalmente o seu “lugar ao Sol”
Vemos num primeiro momento, duas possíveis soluções para estas pessoas em transição. Primeiro, elas devem fazer um esforço para ter coragem de não renegar totalmente as suas antigas bases ideológicas, não a ponto de tal coisa se transformar numa auto-negação. Depois, evitar a dogmática, pois afinal, um intransigente é sempre um intransigente, mesmo que defenda a mais defensável das causas. Por fim, admitir intimamente ainda ter muito o que aprender, para chegar de fato a novas posições na vida, ou seja, uma nova escola deve ser tomada, com novos métodos de aprendizado, nos quais aspirem pela regularidade da Ordem tradicional, como uma forma de “retorno à casa do Pai”.
Hoje se oferece um Caminho, dentro de uma síntese perfeita capaz de atender a este conjunto de aspirações, no contexto do Projeto-Exodus – um Mundo para Todos, e do Evangelho da Natureza. O Projeto quer preparar o terreno para os regimes-de-Ordem, através do aprimoramento da Democracia, visando a educação e a conscienização da sociedade para as coisas superiores. E este novo Evangelho oferece uma Trindade na forma Criador-Criatura-Criação (não muito distinta da Trimurti indiana, portanto), tendo como “Programa” a tríade Espiritualidade-Fraternidade-Ecologia.
Assim, através desta doutrina, que se assenta também sobre as bases históricas da Revelação trinitária de Joaquin di Fiori, temos harmonicamente contemplada o conjunto destas novas tendências, não sob a pauta da anarquia, mas tampouco sobre bases romanas. O catolicismo (universalidade) e o vicariato se depuram e renovam, como verdades mais proféticas e espirituais do que manifestadas, em paralelo com a própria esfera humana que é coroada pela revelação das instituições plenas do clero, ao passo que a ordem religiosa também se sutiliza ou quase se “informaliza”. Naturalmente, tal coisa se refletirá nas monarquias vindouras, evitando pompa e ostentação, mas voltada para a militância e a busca do contato da alma ou da consciência ativa.
Esta conjuntura também pode será analisada sociologicamente, dentro da transição atual de classes, pois o atual ciclo nacionalista evolui para uma fase terminal de base filosófica (ver Calendário Cronocrator).

Da obra "Crise, Regeneração e Evolução do Estado", Editorial Agartha