O Século XX: Erros & Acertos (sobre guerras e ideologias) *



Na Apresentação desta obra, afirmamos que a má leitura da história ou a generalização de seus postulados filosóficos, pode ameaçar setores inteiros da sociedade mundial, “abortar tendências culturais embrionárias, sepultando a evolução dos povos e a própria construção da civilização.”
Um dos resultados desta má orientação seriam, para exemplificar, atrofias culturais gravíssimas como as existentes, fomentando impérios vorazes, capaz de comprometer e mesmo toda a orbe mundial. Pois neste caso tivemos, a partir da Segunda Grande Guerra, um embate entre as três grandes tendências sociais vigentes, no qual começou a sucumbir o nascente nacionalismo (expressão da aristocracia) mundial -e que havia sido uma dos pivôs da Primeira Grande Guerra-, quando alguns setores se aventuraram num tour de force suicida, diante do capitalismo emergente e de um consolidado comunismo, todavia poderosos, e que se uniram então para varrer da face da Terra as forças nacionalistas em ascensão, mas divididas durante a Guerra, e depois na continuidade, no decurso da Guerra Fria, havendo sido esta última, portanto, já uma guerra bipolarizada, desde o ângulo das ideologias vitoriosas.
O quadro abaixo delineia estes passos.


Vê-se assim, que o nacionalismo foi sistematicamente combatido desde a Segunda Guerra, e pode-se dizer que, a certa altura, seria totalmente sufocado. Ainda que, de forma isolada, tenha havido episódios onde nacionalistas e capitalistas atuariam em conjunto contra o comunismo. E a recíproca terá sido igualmente observada, isto é, comunistas e nacionalistas atuando, juntos, contra os interesses capitalistas, ainda que em contextos menores –como também seria efêmero, embora trágico, o covarde pacto entre Hitler e Stalin.
Podemos realmente dizer, que o nacionalismo teve certo apogeu atrófico, no conflagrado território europeu, com o Nazi-facismo, este último amplamente inspirado em Hegel, considerado como o filósofo por excelência da época moderna (tal como São Tomás foi o filósofo da Idade Média), e que se tornou também, no final da vida, o filósofo oficial da monarquia prussiana.
Haveria ainda uma guerra entre o internacionalismo burguês/comunista, e o nacionalismo em geral, onde este não teria chegado a se organizar nos termos de um pan-nacionalismo ou qualquer forma de império –talvez pelo nacionalismo respeitar mais a auto-determinação dos povos–, para contrapor-se de forma eficiente aos anteriores.
No pós-guerra, o embate quase frontal entre as duas forças maiores, cresceu até o risco do conflito aberto. A crise dos mísseis em Cuba de 1962, marca o ápice desta situação, acarretando no endurecimento norte-americano. No ano seguinte, Kennedy é assassinado, e logo iniciam os golpes militares na América Latina, a partir de 1964 no Brasil, escolhido como base para as operações continentais golpistas...
É possível que, na visão dos EUA, o crescimento da beligerância e da radicalização entre os impérios, com o início da esquerdização da América Latina em Cuba (1959), trazia o risco de surgir novas coalizões adversárias nas proximidades, tidas por “áreas estratégicas”. Ato que seria visto como uma afronta, até por representar um indevido implante de ideologia euroasiática em solo novomundista, muito embora Cuba tenha mantido relações incertas com a ortodoxia marxista, ou dela forçado a se aproximar face os boicotes locais. Quanto Cuba terá podia resistir, afinal, nestas condições, às pressões expansionistas de Moscou?

O Capitalismo imperial


Contudo, não nos parece plausível, a rigor, a possibilidade de difusão real do comunismo marxista na América Latina, detido que era localmente pelas próprias forças nacionalistas, bem mais fortes e populares, porque naturais ao quadro sócio evolutivo novomundista.
Pode ser verdade que o anti-comunismo, inspirado pelo contra-marxismo, tenha lá as suas justificativas ideológicas, sobretudo no Novo Mundo, e também da parte dos nacionalistas. Porém, o anti-comunismo radical, empreendido pelos setores burgueses e capitalistas, deve ser visto antes como uma perseguição contra a própria estrutura nacionalista e de segurança do Estado e da sociedade. De fato, a Guerra Fria foi também um grande pretexto dos impérios para dominar o mundo, uma aventura da qual o mundo ainda pagará caro.
De modo que vemos ali a implantação das chamadas “guerras preventivas” (conceito atualmente assumido, nas invasões do Oriente Médio), as quais na verdade dão facilmente margem ao pretexto da ocupação econômico-cultural. Nisto, o verdadeiro “inimigo” do império na verdade, um obstáculo à sua expansão, seria isto sim o próprio nacionalismo, razão pela qual suas lideranças locais foram de tal forma perseguidas. No lugar se colocou o fantoche do ufanismo patriótico, sob ditaduras militares, condicionando certa ojeriza a tudo o que remeta a nacionalismo... Tudo intencionalmente organizado por obra da inteligentzia imperial: quando uma tendência cultural é de tal forma natural, a tática seria dar-lhe uma face grotesca. Na verdade, o militarismo seria já uma força subjacente ao Século, pois aquela fase central da aristocracia demandava, realmente, o próprio exercício da política e, com isto, também da democracia. Assim, a imagem dos generais soava como um “entulho autoritário” –para usar uma expressão da época.
Com isto, o império adquire controle total sobre suas cercanias, neutralizando de vez todo o resíduo nacionalista, e podendo concentrar forças no confronto direto com seu grande rival, numa corrida armamentista sem precedentes e excessivamente desgastante para o império comunista; o qual soçobra por fim entre 1989-91.
A nova etapa de “Guerras Preventivas”, é focalizada hoje no Oriente Médio, representando apenas a manutenção do império e seus interesses a médio e longo prazo.  Ali, quando a ditadura ou monarquia tradicional é aliada do império, ela é fortalecida. Do contrário, é substituída por uma democracia manipulável.
Fortalece-se, todavia, num primeiro momento, o componente religioso, trazendo à tona o fundamentalismo. No tocante às tendências sociais, tudo o que se pode dizer é que, por tradição, os sunitas se aproximam mais da burguesia, e os xiitas da aristocracia. Mas o verdadeiro problema reside na causa palestina. Trata-se, afinal, de um caso de ocupação permanente, e não apenas a tentativa de controle cultural. Não nos toca, pois, aprofundar o tema, senão que, no geral, a religião islâmica integraria o final do ciclo civilizatório oriental, razão pela qual afirma ser Maomé o último dos profetas.
Com o tempo, talvez o Islã (e suas economias?), sejam sacrificadas, pois no momento em que se impuser o laicismo (república & democracia), também a religião tende a enfraquecer. Lamentável também, é que isto sugere a intenção do império seguir empregando combustíveis fósseis em larga escala. Temos denunciado já que, para muitas das modernas sociedades setentrionais (de clima bastante frio), o aquecimento global tem sido economicamente conveniente.

a. A crise da História


De modo que todo o quadro se altera hoje, posto já haver um vitorioso absoluto, resultando na hegemonia capitalista. Vitória esta que representaria, na verdade, a suplantação de todas as ideologias mais modernas nas duas metades do mundo, a saber: o proletarismo que conclui o arco histórico descendente do hemisfério oriental, e o nacionalismo que centraliza (como tendência pós-burguesa) o arco ascendente da História novomundista. Assim, temos hoje uma dupla-hybris, afrontando o mundo. Foi o ato final de um processo no qual o peso da doutrinação européia, gerou certa cegueira histórica no mundo, levando a não se dar o devido valor ao nacionalismo, algo importante para o Terceiro Mundo, e absolutamente vital para a América Latina.
Representando tudo isto um verdadeiro colapso ideológico planetário, dando lugar a profecias do “fim-da-história”, sob o surgimento de uma espécie de besta apocalíptica, devastadora e ímpar na sua voracidade, um Moloch sem precedentes na História humana. Até porque se trata de um imperialismo anti-universal, voltado a impor ideologias classistas, além de materialistas-consumistas. Muito mais fazia a Roma Antiga, por exemplo, com suas conhecida tolerância religiosa e mobilidade social –afinal, se tratava de um ambiente de antigas civilizações.
Podemos crer que, a partir disto, para a Europa tenha sido realmente o final da sua história, não a estabilização democrática definitiva que se pretende, mas o ocaso final de um largo ciclo sóciocultural, sujeitando-se agora a um novo recomeço, ainda que subordinado, de um modo ou de outro, ao Extremo Ocidente. Ao passo que para esta Grande Ocidentalidade, a História está apenas começando (sendo os seus tijolos as classes sociais), e sob sua irresistível força de ascensão, nada tem podido se sustentar, destruindo até mesmo, como vimos, a sua própria derivação histórica, como Saturno a seus filhos. Curiosamente, Júpiter, o deus ou planeta que simboliza a filosofia, é apontado como a solução simbólica do problema. Com isto, observamos o quão próximo estaríamos dos mitos e das tradições antigas.
O fortalecimento capitalista, próprio de uma civilização emergente –com todas as virtudes e defeitos de uma adolescência–, tende a ocupar os espaços deixados pelas outras ideologias (ampliando com isto, ainda mais a sua atrofia), que devem por sua vez, realizar uma autocrítica vigorosa e, depois, reunir suas forças renovadas para retomar o processo de evolução histórica, quiçá sob uma síntese ou mesmo em favor de novos agentes culturais, no caso, aqueles que alcançaram fomentar atividades à sombra dos embates ideológicos de então, e que seguramente representam facetas do nacionalismo difuso, que inclui a criação cultural.


O Nacionalismo

O certo é que o nacionalismo, enquanto expressão moderna e embrionária da aristocracia, representa um positivo avanço social em relação à já decadente burguesia mundial –e o capitalismo, com toda a sua imoralidade inerente, seria em si uma expressão desta decadência mórbida. Restaria agora, fazer renascer das cinzas os vetores nacionais, quiçá sob expressões mais refinadas –onde já entraria positivamente a atividade profética e a tão urgente consciência ecológica–, preparando terreno para as forças sociais futuras, no caso, o novo clero mundial. Em breve, a política entrará a reboque da Historia, entrando em cena a força do profetismo e da filosofia, como apelo irresistível das crises emergentes...
Como se sabe, as classes superiores, não produtivas e não-consumistas, apenas podem se expressar de fato sobre bases materiais consolidadas (leia-se proletariado & burguesia), e a classe que organiza na prática a sociedade para efetuar esta transição, é a própria aristocracia, nas suas três vertentes tradicionais que, em ordem crescente de refinamento, são: militar, política e filosófica. Então, será deste último fator “filosofia” (que incluiria entidades como a Maçonaria) em especial, que estaremos tratando, com tudo o que implica o universo de sua praxis. Digamos que seria este, assim, o novo prisma para focalizar a cultura e a evolução mundial e, sobretudo, novomundista.
Esta é uma das visões daquilo que entendemos por profetismo histórico, uma tendência emergente em épocas críticas de grande complexidade, onde se requer um positivo salto-de-qualidade cultural, face à gravidade dos impasses existentes. Não seria casual a emergência de profetas autênticos na ocasião de ascensões aristocráticas, dada a empatia das chamadas classes superiores com as coisas do espírito.
O profetismo é, nisto, essencialmente futurista, assim como relativista, dado ao conhecimento geral (ou Matese) que ostenta das coisas –o que não o impede, antes auxilia mesmo, de tomar posições concretas. Não nos tocaria, pois, realizar maiores juízos no tocante ao posicionamento dos países do Terceiro Mundo durante a Segunda Guerra, se corretos estiveram o Brasil (pró-Aliados) ou a Argentina e o Chile (neutros, pró-Eixo), seja desde o ponto de vista moral ou pragmático. E não apenas porque temos os olhos postos no futuro, como, notavelmente, seria mesmo difícil tomar partido indubitavelmente naquela hora –cabe lembrar que, no decurso da Guerra, não se tinha conhecimento de certas atrocidades. Basta ver, para remover certas dúvidas, o que tocou no pós-guerra, para as sociedades aliadas terceiro-mundistas como o Brasil...

a. O Nazismo (uma página negra)

Não que caiba aqui qualquer espaço para a defesa do Nazismo: o lamentável é receber um trato quase nazista no pós-guerra, mesmo sem o Nazismo formal.
Sim, nada a celebrar no tocante ao Nazismo. Afinal, se trata de uma doutrina que rompeu com as mais elementares regras da aristocracia tradicional –justamente a partir daquela ideologia que mais se aproxima desta classe, que é o nacionalismo. Porém, Hitler não estava em nada preocupado com os meios e a ética.
Sua obra “Mein Kampf”, tampouco denota qualquer traço da mística (negra, é verdade) que por vezes se lhe atribui, mas revela que seu carisma e eloqüência remontam à adolescência. O que se percebe ali é, isto sim, uma capacidade de liderança e determinação extremadas: foi capaz de reconverter para as fileiras nacionalistas, com a disciplina e o treinamento militar que possuía, as massas de trabalhadores que se haviam tornadas adeptas do marxismo. Muito provavelmente, mais o que a ideologia, foi o seu carisma que converteu tantas almas para a sua causa.
Tudo, porém, sempre sob o contraponto do racismo. Sua ojeriza ao judeu, abrange mas não se limita ao formal, identificada à “decadência”. Afinal, não se pode dizer que o Nazismo não tivesse a sua estética –de fato, uma estética por demais formal, como sabem aqueles que tiveram acesso ao premiado documentário de Peter Cohen, “A Arquitetura da Destruição” (1992).
Assim, o pragmatismo de Hitler era cego e absoluto, cruel e da natureza mais bárbara, tal como ao inaugurar, nos tempos modernos, os ataques às cidades ou aos civis, atentando contra o próprio núcleo da civilização. Não que, na seqüência, o adversário tenha ficado atrás nos seus barbarismos e na sua sina devastadora, vitimando ademais a História e a Arte.
Foi o fim da antiga tradição do “campo de batalha”, do front e a falência do conceito da ética militar. Novos conceitos bélicos, onde tudo o que valia era os fins, invadiam a –vamos dizer– “civilização”, sem qualquer ética ou prurido. E aí já não haveria mais limites para a barbárie, cujo ápice não tardaria a se manifestar, pelo lançamento desnecessário de bombas atômicas sobre cidades japonesas...
Na seqüência, se passou a produzir muitas outras abominações, como a chamada Bomba H, que dizia não afetar estruturas, mas somente seres vivos. Mais ou menos nesta linha, se desenvolveram os mecanismos da guerra química e bacteriológica. Consta que os estoques excedentes destes arsenais, aliás, é que dariam origem aos agroquímicos...
Também nisto existe um precedente nazista. De fato, o próprio genocídio foi abertamente praticado pelo Nazismo, com o uso de gases químicos letais. Muito embora Hitler tenha buscado a extradição dos judeus, até onde lhe foi possível, numa época em que o anti-semitismo era uma prática difusa. A chama “solução final”, seria adotada apenas para o final da guerra, deixando clara uma das grandes prioridades do Nazismo: “limpar” o Reich do sangue judeu.
Infelizmente, como muitas vezes acontece, o derrotado também faria escola – o fascínio do Nazismo era, afinal, grande. E foi assim que se veria muitas práticas nazistas ser adotadas no pós-guerra pelos vitoriosos. Parece que, para vencer um monstro, às vezes é preciso ser monstruoso.
No mais, não haveria como a Alemanha não se rebelar, diante das humilhantes condições impostas pelo Tratado de Versalhes. O Nazismo foi a única força a desafiar frontalmente a hegemonia dos modernos impérios.
Há quem diga que o grande erro de Hitler, foi a sua desmedida cobiça, ao ter invadido a Rússia e atraiçoado o tratado de não-agressão que tinha com aquele país –talvez o racismo e o desprezo ao comunismo, tenham pesado mais alto naquele momento. Até então, havia um pacto entre nacionalismo e comunismo, capaz de gerar atos tão covardes quanto o massacre de Katin, que destruiu toda a elite militar polonesa, indicando que Stalin estaria levando a sério o pacto, ao abrir espaço para a invasão de Hitler à Polônia! E que se se mantivesse, todavia, teria movido o fiel-da-balança para rumos desconhecidos...


O Reich abria assim excessivas frentes, além de ter que amparar ocasionalmente a Itália em suas próprias aventuras expansionistas. Tal como Napoleão, Hitler começou a perder a Guerra ao fracassar em atacar a União Soviética.
Nunca se saberá como teria sido o mundo sob o Nazismo. Embora duvidemos que sua influência chegasse mais fortemente à América do Sul, considerada pelos EUA como área estratégica, sendo assim “defendida” pelos EUA, tal como “defendeu” a região dos supostos avanços comunistas durante a Guerra Fria -que neste caso, seria voltada contra o Nazismo, e não contra o Comunismo.
Nem parecia haver simpatias entre a versão nazi-tupiniquim e o nacionalismo imperante de Vargas. O que desautoriza em boa parte as ditaduras semeadas pela região, que foi outrossim, uma espécie de tacão nazi-capitalista -especialmente contra os países “neutros” (na IIa Guerra) da região.
Seja como for, qual seria o destino de uma Alemanha vitoriosa, sob tal doutrina etnocêntrica? Seria somente para escravizar outras nações, em nome da suposta glória alemã. Porque o Nazismo também incluiu a mácula de reviver a antiga prática da escravidão na modernidade.
Ora, ao contrário do capitalismo, uma das grandes virtudes do nacionalismo (ou da monarquia), é justamente a sua vocação autocentrada e autócne, sem maior afeição pelo internacionalismo, destinada neste caso a organizar e defender a própria nação. Qualquer movimento imperialista nesta esfera, apenas se justificaria, em nome da libertação de outras nações, orientando cada atual na mesma direção, quiçá em nome da geração de uma nova página histórica mundial. Este não seria, contudo, o caso do IIIº Reich. Desde o ângulo filosófico, a idéia da supremacia racial, é frontalmente anti-nacionalista.
Nesta linha, o principal “beneficiário” seria a própria Europa, especialmente os países nórdicos, a Itália e as Balcãs, onde afinal, haveria mais “arianos” para ser exaltados. Se poderia prever uma política de tolerância-zero para a imigração, substituída quiçá pela mais abjeta escravidão. E também, no futuro, um forte investimento na clonagem de loiros apolíneos...
Talvez se fortalecesse o eixo com o Oriente, através do corredor persa, já que a Índia, pese sua miscigenação, abriga igualmente fortes tradições áryas... Este caminho começava a ser aberto pelo fascismo italiano, nas suas tentativas de conquistar a Albânia, a Grécia e o Egito. Com a expansão do eixo para o Japão, a partir da invasão da Manchúria, a Inglaterra passou a se preocupar seriamente com a “jóia da coroa”. Mas, dificilmente haveria o novo Estado de Israel.
Terminada a guerra, a grande novidade seria a revolução chinesa, vencida pelos comunistas sob o “timoneiro” Mao Tsé Tung, numa época em que também os nacionalistas de Chag-Kai-ckek se debatiam pela libertação da China do domínio europeu. Com isto, parecia selada em toda parte a sorte do nacionalismo, que tanta importância tivera na primeira metade do século XX. A segunda metade representará um verdadeiro refluxo histórico, na afirmação das posições dos impérios vitoriosos. E mais para o final, apenas o capitalismo retrógrado...

b. Correntes Republicanas Nacionais

Na sua preparação, contudo, os EUA haverão de ter sido persuasivos para dissuadir o Brasil de seguir apoiando a Alemanha, como fazia até então, juntamente com outros países da região –era, enfim, o bloco da ideologia nacionalista. Contudo, os EUA já não poderiam abrir mão de um aliado tão estratégico quanto o Brasil –seja pela importância política regional, seja pela posição geográfico capaz de servir de trampolim para a Europa e a África–, e que se necessário o incorporaria a força, como informalmente se viu mais tarde. No momento, sabe-se que Getúlio Vargas cobrou um preço para trocar de lado, pelo qual o Brasil ingressaria por fim na moderna economia industrial.

As duas principais correntes republicanas da história brasileira, representam de um lado uma elite intelectual de matriz ideológica republicana –o Positivismo–, e outra intuitiva nacionalista derivada de uma aristocracia rural –o Varguismo.

Digno de nota, é a influência que o Positivismo de Comte teve no Brasil, inspirando a própria criação da República. Enquanto doutrina política, o Positivismo é algo respeitável, havendo se concentrado especialmente no Rio de Janeiro e no Rio Grande do Sul, realizando obras importantes no país. Não se trata, contudo, de um regime democrático, mas uma espécie de república neoclássica de viés científico. Podemos dizer ter sido esta a filosofia que, em tese, regeu a “República Velha”, até a Era Vargas, representando a chamada Primeira República ou o Estado Velho. Seu forte caráter centralizador, anti-democrático e anti-federativo, comprometeu a sua continuidade. Foi uma etapa republicana dominada pelo militarismo, enquadrando-se aproximadamente, pois, nas conjecturas do Calendário Cronocrator para o período, que reza o seguinte cronograma:
          a. 1900-1960 ........... Militarismo
          b. 1960-2020........... Partidarismo
          c. 2020-2080........... Profetismo
(Há razões para a exatidão apenas relativa do tema, entre elas não se tratar a Astrologia de uma “ciência exata”, e também face à existência de “ciclos dentro de ciclos”, especialmente nesta fase de transição da evolução mundial –ver “Adendo” ao final do Capítulo.)
Assim, com Vargas, temos a chegada da era nacionalista brasileira, num período da História mundial em que o nacionalismo era mesmo moeda corrente. Ali pudemos observar um significativo avanço das liberdades civis, onde a tradicional servidão burguesa do trabalhador, daria lugar a direitos humanos que somente o nacionalismo tem sabido respeitar no Novo Mundo.
Passados cinqüenta anos, um balanço deste período permite avaliar com correção os fatos, levando a concluir que, sob Vargas, o Brasil se tornou uma nação moderna, tantas e de tal forma profundas foram as melhorias alcançadas; ainda que muito se tenha perdido desde então, sob pressões que na já na época levaram o grande dirigente ao suicídio, causando uma forte mácula à nação ao impor uma longa e traumática ditadura militar em pleno período partidário, prejudicando assim a educação democrática da nação.

O Marxismo

A quase completa débâcle da ordem aristocrático-clerical européia, sob a quase irresistível o onda de revoluções burguesas, haverá de ter inspirado Marx acerca da impotência deste binômio no futuro mundial. Pois em Marx, a idéia de evolução combinava com a de ciclo de uma forma limitada, que o teria levado a simplesmente ignorar o valor do pré-existente, e sem considerar maiormente outros contextos históricos, como por exemplo, o do Novo Mundo. A aristocracia seria, para ele, um resíduo de tradições antigas, e a religião uma superstição de tempos passados, destinados a desaparecer com a ilustração do ser humano.
Ora, o tempo não é, em nenhuma hipótese, uma nau de mão-única. A grande falácia do marxismo, e que compromete a sua universalidade, é tentar fazer retornar as coisas de uma forma genérica, dentro de uma estreita dialética materialista de involução social. Um sábio novomundista, ou de qualquer outra sociedade em formação, colocaria, pelo contrário, para a evolução da burguesia, não qualquer dimensão proletariado majoritária, mas uma ascensão aristocrático-nacionalista, especialmente uma projeção político-filosófica. Afinal, estes países ainda não se têm afirmado de todo enquanto nações.
A reorganização e o progresso do proletariado, não deve ser buscado, nesta altura da evolução do Novo Mundo, na sua própria esfera, coisa que inevitavelmente traria permanente resistência, por ir contra as tendências sócio-evolutivas atuais. Pelo contrário, as forças reivindicativas, devem se organizar nos quadros da aristocracia, em qualquer de suas esferas: militar, política e filosófica.
Assim, tais coisas se reorganizam naturalmente, pela ascensão de uma nova classe, capaz de ter lucidez e sabedoria suficiente para tal. Não é apenas o proletariado que está prejudicado nestes dias: a própria burguesia está e, de resto, tudo o mais, neste difícil processo de construção da história. Mesmo quem está no poder sofre desgaste, seja para ali chegar, para se manter ou para avançar.
Marx não confere à aristocracia uma dimensão própria, mas apenas instrumental como função provisória. Assim, tudo aquilo que diria respeito ao universo aristocrático, fica defasado, truncado e fracionado. E isto atinge as três divisões da aristocracia.


As análises ciclo-sociais de Hegel, ainda possuíam certos fundamentos tradicionais, mesmo que as aplicações fossem limitadas. Seu conceito dialético evoca a filosofia chinesa, porquanto tinha em vista uma síntese e, portanto, uma transcendência (Matese). Mesmo durante as evoluções sociais, se buscava aplicar a idéia de superação.
Muito diferente foi, contudo, a aplicação feita pelos chamados “hegelianos de esquerda”, entre eles Marx. Pensamos que, de forma algo opinativa e heterodoxa, Marx simplesmente elegeu o que lhe agradava em particular e, sem ter uma visão dos princípios, mas apenas das contingências históricas, proscreveu de vez a tiara e a coroa. A falácia do mundo contemporâneo em avaliar corretamente as questões, reside em boa parte na ausência de valores condizentes.
O marxismo decretou que a aristocracia e o clero não existiriam mais. É o que se pode esperar daqueles que se deixam influenciar em demasia pelo darwinismo. Tudo isto faz lembrar aquelas antigas gravuras renascentistas, que mostram aos “antípodas” com cabeças nos estômagos, dentre outras supostas monstruosidades da Natureza –mas vamos dizer que, como seria afim à mentalidade da época, eles se valiam antes de símbolos, porque tinham certos conhecimentos sutis da natureza humana.
Ora, este tipo de primitivismo mental assim denunciado, é o que se pode antes encontrar nas raças antigas ou nas classes inferiores. De sua parte, sem maiores pretensões científicas e outras obviedades afins, os orientais costumam dizer que a mente está no coração. E nisto temos o suprassumo da definição humana de consciência –alguns irão logo invocar o moderno conceito de “inteligência emocional”, quando na verdade a idéia budista de bodhicitta é muito mais antiga e profunda.
A verdadeira mente superior, ou o “cérebro-cerebral”, por assim dizer– seria um apanágio dos sábios mais iluminados; tecnicamente falando.

a. Uma receita para cada doente

De fato, talvez não discordemos de todo do diagnóstico de Marx, mas sim do seu receituário –se for possível separar de tal formas as coisas. Se Marx buscou solucionar a atrofia burguesa em favor do proletariado, ele estava trabalhando a desconstrução da História –ou Sociosíntese-, processo bastante legítimo enquanto Velho Mundo. Mas, aqueles que buscam a construção de sua História –ou Sociogênese-, como é o caso do Novo Mundo, devem unicamente tratar de solucionar a atrofia burguesa em favor da aristocracia.
Esta é, portanto, a verdadeira tarefa dos homens e mulheres conscientes do Novo Mundo, na formação de suas sociedades, sob a rápida aurora de seu porvir. Outra, mesmo oposta, tem sido a tarefa de homens e mulheres do Velho Mundo, que vivem o lento ocaso das antigas civilizações. Naquele continente, realmente se justificariam as revoluções proletárias, porque no Relógio das raças, a atual Idade do Mundo –já em conclusão, na verdade– estaria sob a égide do proletariado e suas coisas, e isto já a partir do Ano Mil aproximadamente, sendo esta uma das explicações para a coletivização da cultura a partir do século XIII, quando foram dispostas as bases da Renascença, onde o naturalismo de um São Francisco concede um modelo superior de materialismo, ao lado do posterior advento do Iluminismo humanista, com razões também nas reformas protestantes. Mas este não é nosso tema central, e sim a construção do Novo Mundo, aqui analisada também em termos cíclicos, e não apenas de modo geral, na sua vinculação com ciclos maiores como Era, raça ou mesmo a ronda, configurando tudo isto a imagem do “novo céu e nova terra” profetizado.

A nova civilização: o momento atual

A partir da virada do século XVI, com a descoberta das Américas, tivemos a implantação de um novo quadro civilizatório, com reflexos todavia mundiais, seja pela importância geral daquilo que ocorreu nas Américas, seja pela própria globalidade do processo colonial europeu, face às grandes riquezas que aportou àquele continente, permitindo financiar as artes da Renascença e as conquistas do eurocentrismo.
O destaque deve ser dado, todavia, às Américas, onde o contraste histórico foi mais gritante, assim como a dramaticidade do processo de ocupação. Em nenhuma outra parte do mundo, aconteceu tão vasto quadro de aculturação, em termos de miscigenação e ocupação territorial. Não se pode realmente dizer, que outras partes do globo tenham dado lugar a novos países e divisões territoriais de forma tão notável.
Fora disto, talvez apenas em dois outros territórios, no caso, meridionais, a colonização européia tenha deixado raízes tão profundas: a África do Sul e a Austrália. E isto se deve, em parte, por não haver nestes territórios culturas antigas e avançadas (como aconteceria na China e na Índia, por exemplo), mas também por se tratar do Hemisfério Sul, caracterizado como “o outro” pelos setentriões.


No calendário sócio-formativo do Novo Mundo, o século XX representaria o momento de geração de uma nova classe social: aquilo que tradicionalmente se conhece por aristocracia, responsável comumente pela definição das nacionalidades ou dos Estados nacionais (para não dizer “nacionalistas”); razão pela qual a classe é também chamada de patriotas. A forma inicial, a dos Estados republicanos, representaria uma etapa-de-transição no aperfeiçoamento do Estado, desde a velha ordem para a nova. A etapa seguinte ou central, teria já uma forma clássica de democracia formal. Aqui se podem colocar sementes para uma monarquia futura, sobre a base do espírito heróico, base por sua vez para a futura ordem teocrática “final”, quando chegar o momento da ascensão da nova raça. Tudo isto permanece, todavia, algo truncado, pelo domínio das ideologias vitoriosas das Guerras do século XX.
Estas etapas correspondem também à consolidação de três tendências aristocráticas progressivas: militarismo, política e filosofia. Tudo isto pertence à lógica natural das coisas, representada em esquemas civilizatórios como o Zodíaco, numa dada acepção sua, através dos chamados Signos de Fogo (Áries, Leão e Sagitário). Pertence também a uma lógica construtiva, na medida em que a força militar se revelaria necessária para impor e preservar uma ordem desta natureza. Sobre ela se edifica a estrutura política regular, enquanto liderança social, capaz de atuar ao nível das instituições civis universais, ou numa esfera de síntese. Sobre esta ordem, haverá de se desenvolver um plano filosófico de base nacionalista, preparando os domínios da religião nacional.


a. O processo brasileiro

A república é um regime de corte burguês na sua origem, mas que tem se adaptado a diferentes bases sociais e sistemas de governo. Podemos considerar o ciclo nacionalista, de base aristocrática, como semeadura da autêntica monarquia futura do Novo Mundo, a qual sabidamente não necessita ser hereditária.
Pode-se dizer que, em termos brasileiros, a república é coisa por demais recente, sobretudo se visto o último século como um período de transição. Neste caso, também se poderia considerar, na prática, toda a época imperial como tal, já a partir de 1916 com a abertura dos portos brasileiros.
Tal é a complexidade de nossa política, que existe um fato inequivocamente ligado ao destino, que é a chegada da família Real ao Brasil, suscitando a emancipação nacional. A burguesia local se organizou, pois, por causas indiretas, sob a influência das guerras napoleônicas européias, que trouxeram a coroa portuguesa ao país, sob a proteção dos ingleses, os quais exigiram em troca, a abertura do comércio internacional local.
Qualquer outra solução para o caso, teria estendido ainda mais o período colonial, que de resto sempre deixou marcas no ciclo imperial, mesmo o “nacional”, como provam os fatos de que, após o retorno da Família Real para Portugal, se tentou fazer o Brasil retornar à condição de colônia –e por não se haver terminado com a escravidão, senão às vésperas da república. De resto, soa dúbio que o imperador que proclamou a independência nacional em 1822, mais tarde tenha sido imperador em Portugal, de resto sua terra natal.
Assim, pese as vicissitudes políticas, na prática o período de emancipação e até o da independência, não deixariam de ter uma certa feição burguesa, considerando ainda que seria esta a cultura básica que prevalecia na época, a partir de dois fatos capitais: a abertura dos portos para o mundo (leia-se: Inglaterra) logo da chegada da corte, e a resistência de criação de um autêntico exército nacional durante a monarquia nacional, face à hesitação em valorizar o contingente mestiço.

b. O modelo norte-americano


Neste quadro, jamais se deve deixar de analisar então, as outras grandes nações americanas, especialmente os Estados Unidos, cuja Independência se deu no ano de 1776. O Tratado de Versalhes, selando a paz e reconhecendo a Independência americana, viria apenas em 1783, após oito anos de lutas incessantes com a Inglaterra.
Nisto, seria fundamental o auxílio da França, que mobilizou a Europa para neutralizar o poder inglês na região e sobre os mares. O auxílio ativo das forças francesas, veio da própria nata de sua aristocracia, e não da turba revolucionária que varreria o regime francês doze anos após.
Os franceses estavam motivados a isto, após terem perdido em definitivo o Canadá para os ingleses em 1763. Para eles, mais viável que estabelecer laços com a arqui-rival além-Mancha, seria aprofundar laços com a jovem nação americana. As colônias, os índios e os franceses, tinham afinal na Inglaterra um inimigo comum. Face aos rigores do clima, os franceses não realizariam ali uma ocupação ostensiva, limitando assim a sua presença. Em contraparte, praticariam uma intensa política de aliança com os indígenas, de amplo sucesso entre algumas nações nativas.
Quanto aos colonos, a exemplo do que ocorreu nos pampas sul-americanos, uma das principais forças militares derivava dos chamados minutemen, agricultores sempre prontos a trocar a charrua pela espingarda, especialmente durante as lutas pela independência. Contudo, ao contrário do Brasil, nos Estados Unidos houve desde o início uma ampla distribuição de terras entre os colonos, fomentando precocemente a produção local e, portanto, incentivado a industrialização.
Novamente, ao contrário do Brasil, a abolição da escravatura veio antes da Independência, havendo a escravidão perdurado até 1865, com a chamada Guerra da Secessão, sendo este o grande motivo desta guerra civil que dividiu o país, vencida pelo norte nacionalista.
Não hesitamos em dizer, haver sido estas algumas bases sólidas para o processo de Independência, que requereu muita luta, mas que então terá se realizado de fato; não como no Brasil, onde as mudanças foram sempre algo fictícias. É certo que os problemas não se extinguiram: o racismo, em especial, seguiu forte no Sul.

Conclusões

As doutrinas políticas do século XX, como o nacionalismo e o comunismo, não estavam necessariamente equivocadas, porém teria faltado uma síntese.
É a separação de idéias que dá margem à críticas e à erros, permitindo inclusive o fortalecimento do discurso desagregador. Falar de anti-nacionalismo nos países em formação, é realmente um atentado contra a humanidade. O verdadeiro perfil da sociedade do futuro, será unicamente de um nacionalismo comunitário. Não estamos, contudo, tratando de utopias ou de ações longo prazo, todo o contrário: tal coisa representa uma necessidade urgente! 
Até porque, isto não significará ainda a superação das ideologias, e tampouco do seu internacionalismo. A grande chave está, justamente, no fato de ser a sociedade aristocrática nacionalista por natureza. E é esta a essência de uma nova ordem internacional, pelo menos naquilo que diz respeito ao Novo Mundo...
Em meados do século XX, pudemos notar esta tendência de uma forma bastante notável. Podemos dizer que o quadro foi perturbado pela ascensão de alguns extremismos, como foram os casos do nazismo e do imperialismo soviético. A aproximação ideológica entre estas duas poderosas correntes, poderia ter gerado uma força irresistível, a ponto de transformar o mundo “para sempre” –algo não exatamente desejável para os americanos em geral. Mas é algo nesta linha, salvo o materialismo marxista, que deveria realmente acontecer.
Os processos tradicionais da aristocracia se definem por três pólos: militarismo, política e filosofia. Para isto, é preciso superar em definitivo alguns grandes equívocos ideológicos da época, tal como a ênfase populista na pulverizada sociedade proletária. O proletário deve ser, pelo contrário, cooptado para a construção histórica, demonstrando que será somente pelo avanço das coisas, que os seus benefícios serão ampliados. Para a aristocracia, por exemplo, interessa um campesinato forte e um militarismo difuso –de preferência as duas coisas reunidas.
Não é hora de sonhar com utopias, a menos que seja apenas no plano dos sonhos e reflexões. A hora é, antes, de colocar os projetos sociais em prática, para que um dia possa se concretizar o ideal da Civilização real.
Com o nacionalismo, haveria também que aperfeiçoar os seus rumos, buscado o plano universalista que lhe toca, dentro de sua própria formação essencial, contudo sem pretensões imperialistas imediatas. Tal coisa somente se justificaria, dentro de amplos movimentos libertadores, onde a idéia imperialista assume claramente um conteúdo de compaixão, além, é claro, de estratégia. Apenas o coração justifica o império, e assim foi, em todos os tempos, o que deu nascimento e legitimidade a este conceito. A alma aristocrática, é capaz de arder pela mensagem da paz e da salvação de todos os seres. E ela é perfeitamente capaz de se dar em holocausto, em favor do próximo. Isto começa, contudo, dentro de cada um, e se expande na sociedade local.

a. A verdadeira revolução


Este é também o rumo certo da evolução –ou da revolução, se se quer–, ao contrário, portanto, da falácia marxista que pretendia, nesta altura da história, defender diretamente os interesses do proletariado de uma forma generalizada e universal. Talvez tal coisa se aplique à Europa, mas nas Américas, isto somente pode se feito hoje, através da ascensão do patriciado e sua nova ordenação do mundo.
Ora, cada novo regime favorece um grau na evolução e na libertação de todas as classes. Não se tratará ainda de uma libertação plena, porque não existem ainda condições sócio-culturais para isto. Nos achamos ainda no período de formação da história novomundista, e antes é preciso criar as sucessivas sociedades-de-classes, a fim de obter a experiência coletiva e a estrutura plural necessária.
Todavia, os degraus de ascensão são reais, e isto se deve aos vínculos existentes entre todas as classes, na medida em que a formulação de uma classe sempre representa a consolidação de uma etapa global. Cada classe possui uma estrutura complexa e múltipla, e uma de suas facetas sempre se relaciona necessariamente com outras classes. É isto que se pode estudar através da aplicação sociológica do Zodíaco.
O fato é que a sociedade pan-americana, não representa ainda uma civilização universal, mas somente uma construção preliminar de classes. É isto que explica o fato do atual ciclo republicano-burguês ser tão curto nas Américas, na medida em que alcança sua hipertrofia, com tão somente dois séculos de existência. Ou seja, não se trata de uma verdadeira civilização, mas de uma “simples” formação de classe, inexperiente, materialista e radical, sendo tal coisa solucionável nas Américas, unicamente seguindo adiante –isto é, “para cima”–, ou na formação de classes culturalmente superiores, sempre fugaz como as etapas do indivíduo em relação ao conjunto de sua existência. E jamais olhando para trás –ou “para baixo”–, na lenta construção histórica, realimentando classes ainda mais básicas.
Neste caso, a quem caberia coordenar este movimento? Ora, se este processo é de tal forma pan-americano, e concentrado agora pelos EUA, que outro país poderia servir de base para a sua evolução, senão o Brasil? México e Canadá são vizinhos do império atual, então resta unicamente o Brasil, por não se achar de tal forma sob a área de influência direta dos EUA, mas pertencer a rigor a outro continente (como provam os fatos geográficos). E, além disto, por conter igualmente um complexo quadro de miscigenação, é que pode pretender concorrer com o império ou, de qualquer forma, na geração de um modelo alternativo de vida, que atenda às reais necessidades da evolução regional.
Naturalmente, já não se pode esperar dos próprios EUA um movimento significativo de transformação, pelo contrário, as tendências ali são conservadoras e até radicais. Tal coisa apenas pode ser atenuada através de movimentos externos, tal como o socialismo histórico e o nacionalismo foram capazes de atenuar as condições opressivas dos trabalhadores do mundo.

* Esta análise do extinto Século XX, na verdade, traz poucas referências ao início do século, e sim a partir da Segunda Guerra e suas conseqüências. Ou seja, o período histórico que nos tocaria mais de perto viver. Especialmente o território algo informal da Guerra Fria, que foi uma espécie de guerra psicológica e, portanto, mágica. Na qual também atuamos através de nossos próprios instrumentos disponíveis, especialmente espirituais. 

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Soberania ou luta-de-classes? As visões emancipatórias de Dois Mundos




O conflito social é uma realidade que o marxismo procurou transformar em ciência, visando especialmente a “emancipação” revolucionária da classe trabalhadora explorada; num enfoque distinto ao de Hegel –tido comumente como “o grande filósofo da Modernidade”- que propugnava mais a “mobilidade social”, numa visão mais ampla e universal -quiçá algo idealizada- de dinamismo social.
Marx queria os trabalhadores tivessem “como classe” o seu quinhão nas riquezas produzidas pela burguesia moderna internacional, sem esperar pela boa vontade dos patrões e nem contar com instrumentos menores de pressão como são as greves e os boicotes.
Contudo, o conflito “de civilizações” e a exploração colonial passam ao largo das explanações marxistas. Por isto, ao longo dos tempos alguns autores têm afirmado que esta leitura sociológica -assim como as suas prescrições revolucionárias-, pouca aplicação possui no Novo Mundo, dado o seu caráter expressamente europeizante.

Marx e seus colegas observaram a organização econômica e social da Europa vinda especialmente da Idade Média. Seus pontos imediatos de análise eram o Iluminismo e a Revolução Industrial, onde se organizou em definitivo a Burguesia e as relações patronais com o proletariado industrial, depois que o Feudalismo teve a sua completa extinção e o Mercantilismo foi absorvido pela industrialização, onde o foco das relações sociais foi definitivamente transladado para as cidades.
Para melhor apoiar as nossas colocações, temos abaixo o quadro da “desconstrução social” europeia decorrente ao “ritmo” bissecular, conforme a leitura comumente realizada nos meios acadêmicos (incluindo símbolos e análises estruturais de “nossa” lavra), na qual Marx enfatiza a importância geral da força revolucionária da “burguesia”, ainda que os primeiros fundamentos das estruturas capitalistas globalizadas tenham sido colocados por classes sociais não exatamente burguesas -aquelas que Marx declara terem sido relegadas ao passado pelo atroz dinamismo industrial burguês-, como foram os Templários introduzindo o sistema bancário (com juros, inclusive) durante as Cruzadas sob a vigência da “teocracia” medieval globalizada, e depois do Mercantilismo internacional promovido pelas coroas colonialistas durante o grande período realista europeu.*


Assim, a análise marxista pouca atenção deu para o fenômeno colonial per si. Talvez Marx não julgasse do interesse dos trabalhadores europeus terem as fontes de matéria-prima reduzidas ou encarecidas, uma vez que as indústrias empregam “matérias-primas vindas das regiões mais distantes”, enquanto as “novas necessidades reclamam para sua satisfação os produtos das regiões mais longínquas e dos climas mais diversos”, diz o seu “Manifesto Comunista” em sua apologia à criação do mercado global pela burguesia, “para desespero dos reacionários (de quem) ela retirou à indústria sua base nacional”, completa. E segue desfilando a sua cumplicidade com a ótica burguesa eurocêntrica, modernista, urbanista e industrial, assim como predatória, xenófoba, poluente e colonialista.
Esta industrialização desnacionalizante a custo alcança beneficiar os países destinado a serem explorados para suprir a fome galopante das contínuas revoluções produtivas da burguesia. Naturalmente, a distribuição da riqueza não é um processo homogêneo entre as nações, e sequer dos meios de produção. Ainda hoje as tecnologias-de-ponta deixam de ser repassadas ao Terceiro Mundo e afins, supostamente dado seu custo maior.
De modo que o transplante puro e simples de ideologia e da metodologia marxista tampouco cabe automaticamente no Novo Mundo. Como falar de luta-de-classes quando as classes sociais sequer estão ainda realmente constituídas? Existe um prazo e um processo para tal coisa acontecer, que não pode ser menor que um milênio em termos gerais, falando apenas em termos de formação (vide os geocronogramas inseridos nesta matéria).

A rigor, a Europa herda amplas influências da Antiguidade, de modo que integra um contexto multimilenar de evolução. Além de uma completa formação social, a Eurásia teve também a oportunidade de se expressar muitas vezes como civilização ativa e integrada.
É claro que uma parte disto foi repassado ao Novo Mundo, com todas as suas contradições inerentes, o que apenas possibilita falar porém sobre uma legítima possiblidade de sucessão e de renovação de civilizações. A influência da “Antiguidade” nativa e dos povos remanescentes, dão uma cor local e enriquecem esta identidade particular com referências importantes.
Esta análise dual não toca tanto aos Estados Unidos da América e Canadá, que foram uma base ativa do Iluminismo no Novo Mundo, servindo de pivô para concentrar os interesses sociais emergentes e também os focos religiosos oriundos da Reforma protestante.
Comparativamente, a colonização ibérica da América Latina esteve basicamente atrelada ao ideário Renascentista e, através dele, também ao medieval, face a forte influência da Igreja sobre as monarquias católicas.
Em função disto, o procedimento colonial ibérico não avançou muito facilmente além do Mercantilismo. Não haveria neste caldo-de-cultura mais antigo um ímpeto tão poderoso em torno do materialismo e da prosperidade, no dizer de Max Weber, e tampouco uma forma de evangelização tão desenraigante e preconceituosa. Pelo contrário, os franciscanos e os jesuítas mantinham certo respeito à cultura nativa, coisa que ajudou a fomentar a escravidão negra com seus vínculos islâmicos. Na Guerra Guaranítica, os seguidores de Loyola apoiaram os índios e sua Ordem foi expulsa do Continente; os franciscanos então os substituíram naquilo que fosse necessário para atender a população local.

O neo-colonialismo capitalista, é uma forma daquele universo Iluminista/Protestante mais setentrional, podar e ceifar as forças destas sociedades íbero-americanas mais meridionais que sustentam a Igreja; unindo como sempre “o útil ao agradável”. E assim se configura a opressão moderna: transversalmente.
A contraparte passiva disto está na colonização afroasiática. Ambos os mundos se deparam com conflitos ante a macro-burguesia global. O neo-colonialismo invadiu todas as partes alheias ao Iluminismo, e o eurocentrismo moderno cedeu parte do seu espaço para o norte-americanismo.
As relações que o Primeiro Mundo mantém com o Terceiro Mundo são de trabalho e exploração, filtrando e manipulando as necessidades dos pobres dentro e fora das suas fronteiras, canalizando-as para serviços intrafronteiriços bem-remunerados e para atividades insalubres extrafronteiriças mal-remuneradas.
Deveríamos pensar que esta atitude “híbrida” dos norte-americanos compromete o curso de sua evolução para quaisquer propósitos? É bem possível, e para a S. B. Eubiose os EUA foram proscritos de participar da evolução racial árya, mais exatamente na sua dimensão espiritual. Contudo -e falando em “raça”-, seria também de se perguntar o que seria do mundo caso os EUA não tivessem forças para comandar os Aliados na Segunda Guerra Mundial. Como seria afinal este mundo dominado pelos poderes do Eixo? Difícil saber, temerário imaginar. Uma coisa, porém, parece certa: o “eixo” da Civilização permaneceria na Europa por muito mais tempo... Deste modo, podemos tentar pensar que os EUA podem ter até alguma tarefa estrutural precursora nesta transição continental, que comporta afinal de contas, também uma mudança de tempos planetários. 


Outro ponto a destacar, é que o ideário modernista acolhido pelos EUA concede a este país não apenas uma inclinação democrática mas também certo dinamismo social, tal como propugnava Hegel e que condiz com as premissas da “boa sociologia”, que deve ser observada especialmente nas sociedades-em-construção, mesmo ao preço de uma riqueza colonialista presente nos setores produtivos da nação. Neste aspecto, a chegada de um Presidente negro (que fez gestos históricos como reatar as relações com Cuba) ao poder soaria algo a ser mais saudado do que de um Presidente de origem proletária, posto que a questão étnica é mais autêntica no Novo Mundo do que a questão social em si, a qual serve apenas para desviar a atenção dos verdadeiros problemas nacionais que é a ingerência exterior ou a “herança colonial”.

Conclusões

Assim, apenas nas sociedades soberanas e consolidadas podem surgir as lutas de classes. Porém, nas sociedades em construção existe basicamente uma luta unida por emancipação e soberania. O quadro é pois muito distinto. Nas novas sociedades sequer existem classes realmente consolidadas, mas em formação. Desde que começou o trabalho no Novo Mundo, os séculos trazem conquistas sociais morosas, mas reais: escravidão ontem... servidão depois... serviço hoje... E no futuro: colaboração e finalmente integração.


Quando existe a opressão de uma classe sobre outra fala-se da necessidade delibertação, e quando não se deseja sequer classes (como fazem os utópicos) se fala delibertarismo. Contudo, quando há necessidade de liberação ante contextos mais amplos como é o colonial ou do cativeiro, um termo comumente usado é “livramento”, comum no contexto bíblico por exemplo.

Vimos que os marcos bisseculares das revoluções euroasiáticas pautam os ciclos sociais na região. No Novo Mundo, porém, estes processos podem se mostrar mais afáveis, porquanto não se busca um inimigo interno (“luta-de-classes”). No desenho abaixo, demonstramos a forma inversa como sucedem os ciclos sociais no Novo Mundo e mais especialmente no Brasil, onde são acompanhados pela mudança das Capitais Federais através das amplas regiões visando reambientar ou reacomodar a sociedade em transformação, evitando assim seja os conflitos como a estagnação.


Atualmente se vive o final da “Fase 3”, a formação da aristocracia (para usar uma palavra antiga e até deturpada) nacionalista, centralizada na Região Centro-Oeste do país, com suas três características centrais: guerreira, política e filosófica, marcando respectivamente as três gerações deste ciclo social ou suas “Três Repúblicas”.** Este Nacionalismo comporta a matriz do socialismo nativo fraternalista, e doravante também abrigará o ambientalismo social que se faz necessário -isto é: a socialização da cultura sustentabilista, que fundamentará a Terceira República a emergir no século atual.


Face esta necessidade de integração e construção, todo excesso de ideologismo soa quase a um pecado separatista ali***, uma forma paradoxal de alienação para quem luta pela unidade interna para vencer o verdadeiro tirano, o seu algoz e predador exterior...
Sabendo disto, os opressores tratam de disfarçar como podem os seus atos, especialmente implantando títeres nas nações. Seguem nisto um velho ditado: “a melhor arma do diabo é fingir que ele não existe”. A democracia é a melhor forma de iludir politicamente as massas cativas, embaladas pelo pão-e-circo cotidiano. Mas quando as coisas finalmente saem do controle, basta incendiar a população temente com o alarmismo e implantar algumas Ditaduras militares para remover os sonhos de liberdade e as ilusões de soberania real.
Se o desafio da Europa tem sido basicamente interno desde que o Islã deixou de ser uma ameaça real lá no século X, limitando-se desde então amplamente aos ajustes entre as classes sociais, o desafio da América Latina é quase duplo, porquanto necessita forjar as suas próprias etapas sociais e ainda enfrentar o opressor externo.
Durante a Guerra Fria, as forças do velho Socialismo europeu substituíram as do Nacionalismo, e depois da Queda do Muro estas tendências forâneas perderam o seu viço restando não obstante o discurso -e portanto a demagogia, criando uma autêntica expressão de populismo-, incluindo não obstante de maneira oportunista e totalmente extemporânea velhos dogmas de materialismo e de luta-de-classes... O custo disto é a sustentação política de um “proletariado” socialmente inerte vivendo às custas da exploração ambiental e da repartição de rendas com a classe média, uma vez que não se quer tocar os interesses dos poderosos que detém os meios de produção e pagam impostos, mesmo que pela simples exploração de comoditties -a nefanda matéria-prima que o discurso proletário tanto combatia internamente. Com isto o “socialismo” apátrida fecha o seu ciclo, atestando a sua completa contraprodução local, sustentado sob um rol inestimável de maquiagens estatísticas e medidas paliativas

Com isto não estamos a afirmar que o marxismo tenha sido uma completa falácia, apenas que o seu tempo tem acabado até mesmo na Europa (como provam os fatos) e que nas Américas ela jamais teve vez, restando todavia suas cascas e reminiscências. Este tipo de refugo ideológico (ou neo-marxismo, como dizem alguns) não tem real lugar na Europa, onde se assumiu antes a Social Democracia a ele aparentado, que tampouco possibilita verdadeiras mudanças estruturais e com o qual as forças de Centro novomundistas possuem simpatia.

Contudo, o enfrentamento com as diferentes tendências alienígenas também é parte do crescimento e do parto do Novo Mundo, semelhante ao desprendimento de um filho das ingerências nem sempre sábias dos pais e até de confrontos que por vezes acontecem.
O Nacionalismo lutou e seguirá lutando contra as ideologias forâneas alienadoras de esquerda e de direita, inclusive agora que somente o Nacionalismo é capaz de levantar idoneamente a bandeira da sustentabilidade, uma vez que seu ideário abriga naturalmente a defesa da qualidade-de-vida e do uso racional e social dos recursos naturais. Também deverá propor e fomentar a retomada da organização e da ocupação das novas regiões sob esta pauta sócio-ambiental, até para desafogar a atrofia econômica e populacional causada pela Ditadura Militar capitalista na região Sudeste onde está centralizada, coisa que hoje acarreta em problemas seríssimos face a dimensão das megalópoles ali edificadas, fragilizadas sob as drásticas mudanças climáticas em curso, também produto das engendrações industriais da grande burguesia internacional, protegidas pela força de armas terminais.
Esta seria a dialética própria do Novo Mundo, e com ela surge as suas próprias sínteses – grandiosas, com certeza! O Velho Mundo é reducionista: ele explora outros mundos para nutrir interesses algo setoriais, pese carregar toda a herança de uma Civilização. E o Novo Mundo é ampliador, quando busca a sua liberdade visando um todo, num projeto novo de Civilização aberto e por construir.
Que cada um tome pois a sua posição neste cenário cada vez mais claro de antagonismos e de mobilizações, que incluem não obstante o cenário de duas grandes utopias: uma quantitativa e singular no Velho Mundo, e outra qualitativa e plural no Novo Mundo.

* Foi portanto apenas com a Revolução Comercial e depois com a Revolução Industrial, que a burguesia realmente emergiu com plenitude econômica e dominação social, não obstante dizermos que o grande estopim para as transformações sócio-culturais europeias aconteceu com a traição e perseguição eclesial e da coroa francesa aos Templários, o que levou esta Ordem aos braços dos países ibéricos, fiéis à Igreja mas que os acolheram até por dívida histórica face seu papel nas guerras de libertação peninsular contra os mouros, preparando daí as grandes descobertas que se sucederam nos séculos posteriores a partir da Península Ibérica sobretudo.
** Com o recente resgate dos Calendários Sociais conhecidos desde a Antiguidade, cujas bases estão apoiadas pela História e pela Ciência, como ilustrados mais acima, a Antropologia Estrutural pretendida por Claude Levi Strauss pode ser finalmente levada às suas últimas consequências. O mesmo se pode dizer das colocações sobre as “raças” culturais suscitadas por Fabre d’Olivet e das raças-raízes pela Sociedade Teosófica.
*** Com relação ao anarquismo a questão parece ainda mais grave, já que esta ideologia é comumente mais radical, não fosse por isto mesmo quase utopia. No velho Mundo onde também tem origem, o anarquismo pode auxiliar a quebrar a rigidez das estruturas sociais, porém no Novo Mundo o discurso desestrutural pode castrar e prejudicar a edificação e a estabilização das bases sociais e o papel do Estado ali necessário. A própria Minarquia (ou Estado Mínimo) com que certos anarquistas simpatizam, serve aos interesses dos liberais capitalistas. 

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