Elon Musk e os desafios da Civilização Planetária

Vivemos hoje uma importante transição civilizatória, onde se somam os restos decrépitos e materialistas de uma antiga Civilização, com os anúncios também temerários mas infantes de uma nova Civilização, a qual necessita porém ser ainda regulada em termos novos e apropriados. Esta nova Civilização cósmica ou planetária mostra-se para além da antiga ordem de Nações colocando em cheque as instituições de ontem e desafiando as capacidades humanas de fazer frente às poderosas tecnologias emergentes. O teor maior destas tecnologias se mostra claramente por seu alcance planetário e até mesmo interplanetário, criando heróis instantâneos e inatingíveis capazes de grandes proezas. 

Desde o alto do seu castelo de vaidades, o homem moderno tende a imaginar que o nerd é o modelo do homem do futuro, quando na verdade se trata apenas do epítome do próprio modelo cultural do homem branco -alienado, infantil e presunçoso. Elon Musk incorpora hoje meramente os fetiches do homem branco moderno, como o automóvel do futuro (Aldous Huxley já retratara o automóvel como o “deus” do homem moderno), o nome Tesla de gênio incompreendido, tecnologias de comunicação, energia solar, a aventura espacial e a robótica. E com isto deseja criar um novo mundo acima das nações. O ser humano médio sente um forte fascínio pela inteligência, pelo poder e pela riqueza. E no entanto sempre se soube que pessoas muito ricas, inteligentes e poderosas podem facilmente avançar para a loucura passando a sentir-se como verdadeiros Imperadores do Mundo. Razão pela qual os imperadores de Roma decidiram resgatar a antiga tradição de andarem acompanhados por um filósofo, e que na Idade Média foi substituído pelo bobo-da-corte. O nome tradicional para este modelo é Sinarquia.

Aquilo que se apresenta por ora são apenas as sombras insinuantes destes novos tempos, trazendo conquistas e avanços tecnológicos mas também ameaçando nações e sociedades como um monstro devorador, deixando as pessoas atônitas diante da sua impotência para controlar as coisas. Por mais inusitada que possa soar esta situação, na prática ela não difere tanto assim de outras análogas que a humanidade já atravessou nas revoluções culturais ocorridas há cinco mil anos e há dez mil anos atrás, se considerarmos as condições culturais daquelas épocas. Como as coisas poderiam ser enfrentadas então?! Esta é a única e a verdadeira questão que a humanidade necessita conscientizar.

Quando as pessoas estudam as Civilizações elas não sabem que estão diante do milagre na forma de História. Elas imaginam que tudo aquilo foi apenas obra humana, quando na realidade a influência, a inspiração e a mediação dos Mestres estão presentes em todas as etapas destes processos, seja refinando, regulando ou disciplinando as diferentes iniciativas. E quando esta influência se afasta a Civilização também rapidamente se deteriora, decai e se extingue.

Em todos os tempos a Civilização somente foi possível graças a tal intermediação, de modo que o ser humano não deveria vangloriar-se tanto assim das suas conquistas, porque a depender de si próprio as coisas nunca iriam tão bem e nem tão longe -e os nossos atuais tempos materialistas não nos deixam mentir a respeito. 

O importante será compreender neste caso que existem também Forças espirituais históricas perfeitamente habilitadas para ajudar a gerir as coisas de maneira ótima, contornando os riscos e permitindo com que a Civilização possa avançar o seu curso sem riscos de retrocessos. Neste caso já não estamos falando portanto de filósofos comuns, porque aquilo que se demanda nas fundações das civilizações já pertence a outro nível, onde somente o que existe de melhor no planeta é capaz de suprir todas as demandas então necessárias.

Para isto a humanidade deve porém apoiar as iniciativas destas Forças espirituais, conhecidas também como “Hierarquia Espiritual”, dotada que é tanto de inteligência iluminada como de compaixão ilimitada -uma combinação praticamente inexistente no plano da própria humanidade-, e a qual acompanha a evolução humana a partir de uma faixa evolutiva mais avançada de até dez mil ano -e não estamos falando dos avatares pois senão as distâncias seriam ainda maiores. Ao contrário destes, que vem sempre alavancar os novos tempos, os Mestres regulares encarnam em todas as gerações, capacitando-se assim a proporcionar uma assistência hábil e contínua, à simples condição da humanidade aprender a reconhecer humildemente a sua sutil Presença e a sua profunda Autoridade diante das coisas emergentes da existência. Afinal “Eles vem do nosso futuro”. Esta é pois uma das formas como a Providência divina se manifesta, sendo inelutável a necessidade humana desta assistência sob pena de padecer de males totalmente incontroláveis.


Sobre o Autor:

Luís A. W. Salvi é estudioso da Teosofia e dos Mistérios Antigos há mais de 40 anos. Especialista nas Filosofias do Tempo tradicionais, publicou a Revista Órion de Ciência Astrológica pela FEEU e dezenas de obras pelo Editorial Agartha. Nos últimos doze anos vem direcionando os seus conhecimentos para a Teosofia, realizando uma exegese ampla da Doutrina Secreta e também das Estâncias de Dzyan.

Nenhum comentário:

Postar um comentário