A parábola do Elefante é bastante conhecida. Vários cegos apalpam um elefante e cada um apresenta a sua descrição do animal; para um ele é como um pilar, para outro ele é como uma serpente, para outro é como uma folha de bananeira, e para outro é mais como uma parede.
Eles querem discutir quem tem razão, e isto não leva a nada. Somente alguém que vê, percebe que todos têm a sua parte de razão, mas ninguém tem toda a Verdade. A soma das partes é que é a Verdade.
A parábola é tipicamente oriental, na medida em que a vetusta Filosofia Oriental alcança contemplar amiúde o Todo.
Contudo, esta parábola não quer desmentir a legitimidade da percepção de cada um, apenas vem lembrar que existe algo Maior, que no caso da política seria a unidade da Nação.
Todos têm uma parte da verdade, as diferença são naturais e legítimas, não tanto como indivíduos –afinal -e preciso limitar tanto relativismo como o absolutismo-, mas como categorias sociais.
As diferenças são legítimas e naturais. Mas todos devem saber que existe uma Unidade que transcende a tudo e a tudo coroa, representando a meta universal da evolução social, e até mesmo a coroa supra-humana da humana evolução.
É importante conhecer o Todo para conhecer a Parte. Sabendo onde devemos chegar, saberemos o que toca agora fazer. É preciso método, metodologia, para não cair no caos e na incerteza.
Como se diz, “cada um quer puxar a brasa pro seu lado”, porém certos ajustes podem favorecer muito a concórdia. Classes são como os Elementos da Cosmologia, que no começo estavam misturadas no Caos, até que a Criação fez uma sair de dentro da outra e gerar o Cosmos a Ordem.
Este é um convite à busca da Verdade, do Elefante completo. Respeitando, porém, as verdades menores, mas sobretudo aquelas mais próximas, que são as mais presentes e atuais, especialmente úteis na evolução ou mais atuantes na composição do Todo, sem atavismos e sem atropelos.
Primar por um sistema social, não significa afogar as outras classes, apenas priorizar aquilo que mais útil para a evolução geral, inclusive em termos de alavancar a mobilidade social.
Os Antigos conheciam calendários da evolução social, tão precisos quanto o calendário de desenvolvimento dos indivíduos, com suas fases “científicas” de infância, juventude, maturidade e velhice.
Alguns analistas sociais, já identificaram este ciclo que os Antigos davam tanta importância. No Brasil, este ciclo de 200 é tão potente, que ele chega a constituir uma nova Capital Federal, simbolizando a oficialização de um novo Estado social.
O Calendário Social
Sucede daí que os períodos de 200 anos determinam ciclos sociais básicos, fato que já consta até nos manuais acadêmicos sobre História Política. Esta cosmologia segue a ordem da “densidade” dos Elementos. Primeiro se forma um Proletariado: Elemento Terra. Depois, sobre esta base produtiva, se forma uma Burguesia: Elemento Água. Logo, sobre esta base distributiva, se forma uma Aristocracia: Elemento Fogo. E por fim, sobre esta base nacionalista, se forma um Clero: Elemento Ar.
Assim, de início se formou as bases do Proletariado, quando a sociedade brasileira estava concentrada no Nordeste, capital Salvador (1578). Depois se formou as bases da Burguesia, quando a sociedade brasileira estava concentrada no Sudeste, capital Rio de Janeiro (1763). Logo se formou as bases da Aristocracia –e ainda está se formando-, com a sociedade brasileira concentrada no Centro-Oeste, capital Brasília (1960). E num futuro não-remoto, se formará as bases de um Clero autenticamente nacional, quando a sociedade brasileira estiver concentrada no Norte, possível capital Manaus.
Note acima, a regularidade cíclica de 200 anos na fundação de cada Capital, não ultrapassado sequer a unidade de 20 anos que é o ciclo katun dos maias-nahuas, base do Calendário Cronocrator que regula os ciclos sociais e das civilizações.
Nesta fase formativa das Civilizações, as classes sociais adquirem a princípio formatos algo incipientes, já que envolve toda uma evolução interna e comum. Tal coisa tolhe a possibilidade da utopia, senão como intenção dentro do próprio parto social, já que todos os esforços estarão concentrados no ato criador momentâneo: todas as classes devem cooperar em prol da evolução comum. Aqui existe a necessidade de obedecer com critério a um Calendário Social, sob pena de uma nação ter as suas bases tolhidas e não alcançar se formar como deveria. Poder-se-ia até falar da imposição do coletivo sobre o individual, sob a carga da necessidade comum, porém cada vez menos, na medida em que as estruturas sociais evoluam e se completem.
O trabalho, por exemplo, evolui nestes ciclos no sentido escravidão=>servidão=>serviço=>colaboração, culminando portanto no trabalhador livre sob o marco da manifestação do clero. Em sentido oposto, o clero se expressa através das fases sócio-formativas como dogma=>reflexão=>instrução=>iluminação. Da burguesia, podemos estimar a evolução exploração=>concessão=>associação=>partilha. E na Aristocracia, se poderia entrever a evolução como sujeição=>voluntarismo=>corporação=>irmandade.
É sempre importante resgatar o sentido –e o espírito- da palavra “aristocracia”, já que na decadência do ciclo monarquista do Velho Mundo, o tema se resumiu a uma nobreza decadente concentradora de privilégios. Nada mais contrário à realidade, senão que a natureza desta classe envolve efetivamente poder político e mesmo a administração. A verdadeira nobreza é formada por guerreiros-da-alma, uma casta superior devotada à justiça e à ordem, defensora da moral e da religião. Assim, a aristocracia (do grego aretê, “virtude”) é a classe dos justos e virtuosos, são eles que defendem a nação dos espoliadores, como dirigentes sociais e militares graduados. Fazem a ponte entre o povo e a religião, protegem os interesses do clero e, através destes, de Deus mesmo.
Esta é a fase em que nos encontramos hoje, de formação de uma classe de guerreiros nacionais. Por isto, as bases da aristocracia se assentam no Nacionalismo, que é uma das grandes tendências sociais modernas, a se embater contra as poderosas ideologias dominantes em outras classes organizadas, especialmente a burguesia capitalista nos nossos dias, já que a força do proletariado organizado está em descenso. Sua expressão superior é a Monarquia, já no arco das Idades do Mundo, quando despontam as Idades de Prata das Civilizações. Os valores da Monarquia são outra realidade a ser oportunamente resgatada, em toda a sua beleza de regime heróico, assentado sobre a base social da Aristocracia.
Como último detalhamento, precisando o momento atual, sucede estarmos no ocaso no ciclo formativo nacionalista, sendo a aristocracia uma classe regida pelo Elemento Fogo. Tal como o momento atual de 60 anos está regido pelo signo de Leão, o Rei solar, e o anterior esteve regido por Áries, o guerreiro puro e impetuoso que estabeleceu no país uma República militarizada em 1889, este novo momento que começa em 2020, estará regido pelo arquétipo de Sagitário, o Filósofo aspirante. Tal coisa prepara naturalmente o ciclo social vindouro, de base expressamente espiritual ou religiosa da nação. Por esta razão, da mesma forma como hoje se fala muito da importância do Nacionalismo-social (não confundir com Nacional-socialismo/Nazi-Fascismo, que é uma inversão materialista destas premissas), a partir da década de 20 se falará mais da necessidade de um Nacionalismo-espiritual, quando a sociedade nacional demandará a necessidade de se apurar e evoluir moral e espiritualmente.
Estes momentos centrais que ainda vivemos, são também aqueles de consolidação do Estado, através do aprimoramento de Democracia –algo para o qual o “Projeto-Exodus: um Mundo para Todos”, tem muito a contribuir e vem em boa hora, com sua proposição dos Três Pilares da Democracia: 1. governabilidade via equilíbrio demográfico campo-cidade, 2. sufrágio universal voluntário e 3. supervisão popular sistemática.
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* Luís A. W. Salvi é autor polígrafo com cerca de 150 obras, e na última década vem se dedicando especialmente à organização da "Sociologia do Novo Mundo" voltada para a construção sócio-cultural das Américas.
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