AS SOCIEDADES DAS ESTEPES


Quando a sociedade humana se torna definitivamente opressiva -onde sequer a livre expressão ou opinião pode ser tolerada-, as pessoas-de-bem devem tomar outro rumo ao invés de se limitar a lutar contra algo tão desprezível e perder tanto tempo e energia nisto, sem tampouco abandonar todavia o mundo mas sim investir socialmente em coisa novas, com a esperança de fomentar uma renovação autônoma das coisas.

A cultura alternativa encontra naturalmente nas ermidões das estepes e das savanas, das montanhas e das florestas, locais que sofrem menor pressão da especulação imobiliária ou agrária, zonas para preservar maior paz e ainda desenvolver uma nova mentalidade social. Muitas vezes basta apenas apurar consensos para fortalecer estes agrupamentos naturais, capazes de servir como polos sociais alternativos e refúgios libertários contra a opressão do stablishment.
As regiões centrais dos Continentes estão naturalmente destinadas a servir de refúgios aos perseguidos (como os quilombolas e os nossos índios que tiveram que se afastar dos litorais para sobreviver) e aos desertores e outsiders da Morte Organizada (como nomeou Luis Carlos Maciel ao sistema oficial). Desde ali eles podem organizar uma resistência e todo um novo modelo de vida, que um dia poderá ser decisivo na renovação das coisas. Historicamente podemos encontrar um rico contexto cultural e um poder renovador nestes ambientes sociais, que muitas vezes até confrontaram, abalaram, destruíram ou renovaram as civilizações decadentes, após terem crescido e se fortalecido o suficiente nos seus remotos redutos. Foram eles povos como os citas e os áryas, os hunos e os mongóis, os toltecas e os astecas... a quem naturalmente os civilizados decadentes chamavam “bárbaros”, mas cuja resposta ficou gravada nos éditos de um vitorioso Gengis Khan “abençoado pelos céus”:

“O Céu cansou-se dos sentimentos de arrogância e de luxo levados ao extremo pela China. Eu, Gengis, permaneço na região selvagem do norte onde o homem encontra condições que impedem o nascimento de cobiças e desejos; eu volto à simplicidade e retorno à pureza; condeno a prodigalidade e me conformo com a moderação; quer se trate das roupas que uso ou das refeições que como, tenho os mesmos andrajos e a mesma alimentação que os boiadeiros e os palafreneiros; vejo o povo como um filho muito jovem e trato os soldados como se fossem meus irmãos. Em meus projetos estou constantemente atento aos homens; quando chefio as miríades de minhas tropas, coloco a minha própria pessoa à frente; quando estive presente a cem batalhas, jamais cogitei se havia alguém atrás de mim; no espaço de sete anos, realizei um grande trabalho, e nas seis direções do espaço tudo está submetido a uma só regra... Recebi, pois, o apoio do Céu e obtive e dignidade suprema...”


Pertence igualmente a este contexto venerandos mitos e lendas, junto às mais autênticas e originais manifestações do sagrado, relacionadas ao xamanismo e às forças originais da cultura humana, presentes nas lendas áureas como as de Agartha e de Shambala, Tula e Aztlan.

No Brasil uma tendência crescente aponta para as suas regiões mais internas, que se consolidou como meta social desde a criação de Brasília. Isto acompanha a secular “migração” sócio-cultural que esta nação realiza desde a sua fundação, através da refundação de suas capitais federais em novas regiões, visando implantar novos momentos da cultura e ocupar e repovoar este vasto país. A fundação de Brasília foi destinada a implantar um novo momento socialista da cultura nacional, razão pela qual a nossa história sofreu tal baque face ao papel estratégico do Brasil nesta região do mundo e neste quadrante em especial.

A povoação alternativa do chamado “Brasil Profundo” ainda representa uma janela-de-oportunidade histórica, que todavia se está rapidamente fechando graças à ocupação predatória do grande capital internacional.
Vale todavia nisto investir, pois “os ventos que virão” (venturis ventis, inscrito do escudo de Brasília) ainda sopram pela renovação desta nação e do mundo.

Para conhecer mais sobre os trabalhos da Agartha, participe do facegrupo

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