Cuba - o fim de uma era revolucionária na América Latina: para onde vamos?



Cuba quer sair da lista de países considerados ligados ao terrorismo pelos Estados Unidos, a fim de consolidar as relações econômicas com o capitalismo. Com isto o país caribenho mostra a sua intenção de distender a sua ideologia, modificando profundamente o sistema revolucionário instalada em 1959 e que logo na sequência protagonizou o episódio dos mísseis soviéticos, para mais tarde dar início a um suporte sistemático à resistência contra as ditaduras capitalistas instaladas pelos EUA na América Latina. 
Apesar disto tudo, e fora o boicote econômico, Cuba foi poupada deste ciclo golpista, provavelmente por respeito à própria União Soviética. Ademais Cuba era um símbolo –e quase somente isto!- para todo um quadrante do mundo, e atacar símbolos e algo por demais arriscado.

Era mesmo só uma questão de tempo. Depois do fim da União Soviética, Cuba deixou de receber a ajuda externa que permitia a utopia de uma ilha relativamente próspera. Há anos já dando sinais de distensão do regime, após a saída do primeiro Comandante do governo -e apesar de algumas restrições como a ausência tácita de internet-, a “ilha de Fidel” foi agraciada neste ano de 2015 com o aperto de mão entre os presidentes dos dois países e a promessa do fim do bloqueio econômico a Cuba. Isto já bastaria para deixar o nome de Barak Obama na História.
A carga simbólica destes eventos é no entanto enorme, e dificilmente haverá retrocessos, apenas avanços, mesmo sob um governo yanque mais conservador que não terá como justificar o seu ranço eventual (os impérios estão sempre buscando inimigos), já que os americanos desejam esta abertura política com a ilha. Na verdade, a reaproximação dos Estados Unidos já representa, por si só, um duro golpe na ideologia comunista, que devia a sua unidade em boa parte ao isolamento e à conhecida proibição dos habitantes de sair do país, coisa que acontece aliás em todo o mundo socialista.
Com o ocaso da era socialista em quase todo o Ocidente (pese alguns focos isolados, e com ideologias algo diversificadas), o hemisfério se vê num impasse quanto à causa social. O liberalismo busca se fortalecer ampliando o discurso. Contudo novas ideologias necessitam emergir ou se fortalecer.
Muitos querem ver no ambientalismo o grande estofo desta renovação, contudo esta bandeira também pode ser amplamente cooptada pelo sistema. O próprio socialismo deve se adaptar, e novamente alguns tentam buscar nos filósofos europeus a fonte para esta renovação, coisa que tampouco há de favorecer outros continentes. A alienação ideológica –ou antes, ou o ideologismo alienado-, representa um mal tão grave quanto a própria alienação política.
Resta o velho nacionalismo, tão agastado sob as ditaduras da Guerra Fria, e que necessita não obstante também ressurgir e se renovar. Bolívia, Equador e Venezuela acenam nesta direção. O multiculturalismo entra como um reforço para todas estas novas causas. O Brasil contudo, carro-chefe do subcontinente, segue os seus descaminhos sob a opressão das elites e a demagogia da oposição.

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