Dilúvio, Manu e Êxodo


Manus são os regentes divinos dos 14 Manvantaras, e invariavelmente empregam como tática política o êxodo urbano para renovar as sociedades e fazer avançar a revelação divina. A palavra “Manvantara” significa entre dois “Manus”.
Contudo, o termo Manvantara se prestaria a mais de uma aplicação cronológica,e por decorrência, na Teosofia os Manus também são considerados dirigentes raciais.
Concorrem aqui, portanto, dois ciclos paralelos: o manvantara/pralaya cósmico de 26 mil anos (“Grande Ano de Platão”) e o manvantara solar de 5 mil anos (“Era solar”). Ambos se acham divididos pelas Quatro Idades (Yugas) do Mundo -o que influencia, como veremos adiante, no simbolismo do "Dilúvio" final.
O 1º Manvantara teve Svayambhuva por Manu. O seu nome significa “Auto-existente”.
Sraddhadeva ou Vaivasvata é o Manu do atual 7º Manvantara. Sraddhadeva significa “deus da fé”, e Vivasvat significa “Sol”.
O 8º Manvantara futuro, terá Sarvabhauma ou Savarni como Manu. Sarvabhauma significa “pleno Filho da Terra” e Savarna significa “da mesma cor”.
Para os maias-nahuas, a nova raça-raiz ou o Sexto Mundo começa em 2012, porém, no cômputo cósmico, o ciclo futuro virá ao final da Nova Era. Não casualmente, temos denominada esta nova raça de “Teluriana”, em consonância com o nome Sarvabhauma.
Já o nome Savarni ou “da mesma cor”, pode indicar a manutenção do tônus racial, não alterando substancialmente as formas externas. Esotericamente, representa a identidade espiritual com o avatar anterior, pela manutenção da Sexta linha-de-raio vinda da Era de Peixes e continuando na Sexta Raça-raiz.

O "Dilúvio" e o Êxodo

A questão do "Dilúvio" está diretamente relacionado aos períodos finais (ou ainda, da transição) dos ciclos humanos e raciais. Mas não é sempre que o Manu está envolvido com a idéia do “Dilúvio”, entendido de forma literal, muito embora sempre o faça em termos simbólicos, quiçá não-aludidos como “dilúvio” mas de outras maneiras. Tratemos, porém, de esclarecer isto.
A recorrente narrativa dos Dilúvios em tantas culturas antigas, significa menos a coincidência cronológica (alimentando a idéia do “Dilúvio universal”) e a presença de “salvadores” em todas estas partes, ou mesmo a repetição de muitos “Dilúvios” através dos tempos –fatos estes mais do que improváveis-, do que o emprego de um símbolo universal: a conexão entre a imagem da “água” com o psiquismo e a ilusão, e destas com a humanidade ou, mais exatamente, com a cultura-de-massas.
Existe uma passagem do Apocalipse que reproduz esta simbologia com inaudita clareza: “As águas que viste, onde se assenta a prostituta, são povos, multidões, nações e línguas.” (17, 15)
A "prostituta" é, neste caso, uma grande cidade, que concentra a corrupção e a maldade de toda uma nação ou mesmo o centro de um império.
O Dilúvio da Atlântida é especialmente importante e citado, porque aquela raça a simbologia das águas adquiriu uma dimensão maior, por se tratar de uma raça-raiz regida por este Elemento lunar, daí haver desenvolvido a magia psíquica de tal forma.
As águas aparecem na primeira vez na Bíblia, numa alusão pré-cosmológica do Genesis. O Caos primordial é a matéria-prima da Criação, que nasce da ordenação dos Elementos, impossível de ser alcançada na cultura-de-massa despersonalizante que avilta todas as coisas. A própria Criação surge, assim, de um ato ordenador, isto é, da geração de um Cosmos (= ordem) social e espiritual.
Esta ordenação em sentido amplo, o Genesis atribui à presença do "Espírito de Deus (que) pairava sobre as águas", dominando-a, pois. Eis que "Deus disse: 'Faça-se a luz!' E a luz foi feita.", em tudo semelhante ao Verbo criador do Evangelho de João.
O êxodo é o antídoto natural para a enfermidade da cultura-de-massa -o "Dilúvio"-, que hoje vem sendo chamada de “normose”, que é a alienação doentia das massas, movida pela dureza do sistema e seus interesses materialistas.
É por esta razão que os Manus, os Patriarcas e os Divinos Legisladores, elegeram invariavelmente o infalível recurso do êxodo para solucionar pungentes problemáticas sócio-culturais. Dentre eles contam-se nomes como Noé, Abrahão, Moisés, Svayambhuva, Vaisvavata, Savarni, Xisuthrus, Utanapistim, Deucalião, Quetzalcóatl, Huitzilopochtli, Tentem Vilu e Caicai Vilu...
Ora, sabemos que os ciclos humanos das Idades involuem num decrescendo, iniciando numa Idade de Ouro e culminando numa Idade de Ferro, como qualquer organismo vivo que começa com máximo vigor e se extingue quando cumpre o seu ciclo natural. A final Idade de Ferro -que os hindus qualificam, aliás, de "Negra"-, é a época das massas e da vigência do proletariado, em oposição à inicial Idade áurea -ou "da Verdade", para os hindus- que é a era das elites espirituais e do esplendor da vida do indivíduo. Ademais, em alguns registros, depois da Idade Negra, ainda existe um período especial de transição onde tudo se mistura de vez, sendo neste ambiente caótico, precisamente, que acontece a Intervenção divina que prepara as bases do Ciclo futuro.
Assim, aquilo que existe de real significado neste quadro, é o resgate da humanidade em meio a uma situação culturalmente caótica, sob o domínio da atrofia urbana, operado através da separação de uma fatia social para colocá-la em lugar próprio, destinado a permitir o florescimento de uma nova sociedade, com valores sãos e também renovadores.
Esta sociedade é designada como “raça eleita”, porque detém uma missão planetária, quer dizer, servir de receptáculo para alguma Revelação divina, destinada a se difundir por toda parte na seqüência.

Em verdade, em verdade...

Em verdade, em verdade, vos digo: as águas já subiram. Não o vedes?
Em verdade, em verdade, nós todos nos afogamos. Percebeis?
Em verdade, em verdade, estamos como mortos. Não o somos?
Poderemos, então, ressuscitar? Sim, é possível
Poderemos, acaso, nos desafogar? Claro, todavia.
Poderemos, enfim, ascender? Com toda a certeza.
A Chave para isto, hoje e sempre, é: Amor, Paz e União.

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Da obra “Noozonas – Bases da Noosfera”, Luís A. W. Salvi

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