O colonialismo acontece em parte movido por “boas
intenções”. São os religiosos piedosos que imaginam dever catequizar os
bárbaros e primitivos, são os civilizados convictos que acreditam dever levar a
“a luz do progresso” aos “povos atrasados”, são os humanistas determinados que
sonham com a igualdade e a justiça social “para todos”.
No entanto, o preconceito é que move realmente todas estas
iniciativas duvidosas. Desde o começo, as inversões colonialistas são
apresentadas na forma de ideologias alienantes simpáticas ao invasor. As jovens nações necessitam assimilar as ideologias "ilustradas" das metrópoles. E os
interesses materiais sempre rondam de perto a tudo isto, como cooptação e aparelhamento, logo acarretando ademais em
escravidão e servidão. A certa altura, estes poderosos interesses passam a ser
dominantes e as classes materialistas tomam o poder, e então o mundo vira de
vez de ponta-cabeça...
Uma vez que as novas nações se acham mais organizadas, o
colonialismo deve se adaptar sob pena de encontrar uma resistência muito forte,
e aí é que entra a verdadeira função das ideologias e o neo-colonialismo. Então
as guerras declaradas e as ocupações nacionais, também viram guerras táticas e
revoluções sociais
As Guerra Táticas
“Guerra Tática” é a cooptação e instrumentalização revolucionária
das classes sociais das nações (sobretudo emergentes) por parte de nações materialistas
poderosas, visando exercer a influência ideológica e a dominação econômica permanente
sobre aquelas, seja na esfera do neo-colonialismo burguês e capitalista como
também na esfera socialista.
Difere assim da guerra declarada e da ocupação formal da
“guerra moral” antiga (aristocrática) ou do maquiavelismo pragmático, embora a
sombra paire (comumente a título de ameaça e constrangimento) e a ocupação possa
se concretizar “se necessário” em caso de resistência (ou assim se quer fazer
pensar) visando consolidar os intentos neo-imperialistas.
Busca-se evitar assim a ocupação física visível e aparente
que, além de onerosa, tende a levantar toda a nação em contra, uma vez que a
intenção seria menos corrigir algo transitoriamente, que implantar um
estado-de-subserviência permanente.
Confia-se que a população seja iludida pela aparência de
autonomia republicana e até de democracia, havida também nos países ditos
“livres e desenvolvidos”, embora sempre de maneira bastante “domesticada”.
Destarte, ao invés de ter a nação ocupante por (nova) inimiga e opressora, se
tem a ilusão dela ser uma libertadora.
O ciclo burguês-capitalista
A Guerra Tática social teve início na Revolução Francesa com
os ciclos revolucionários da burguesia, para ser logo aprofundado pelas nações
capitalistas e socialistas, que tem as suas referências comuns na Primeira “Redentora”.
Axiologicamente falando, a Guerra Tática de ocupação ou de
infiltração, surge como uma estratégia “fria” e dissimulada, onde aquilo que
realmente importa é fazer as nações colonizadas ou até independentes entrar num
processo de neo-colonialismo, seja trocando de colonizador (pela burguesia), seja
recolonizando as nações (pelo capitalismo). As revoluções burguesas têm origem
anglo-francesa, e as revoluções capitalistas têm origem anglo-americana.
No modelo burguês da Revolução Francesa, a ideia de
“revolução” social passa a ocupar o lugar das guerras nacionais e até do
colonialismo primário (geralmente sob a escravidão) movidos até então pelas
aristocracias, e onde as nações neo-imperialistas buscam cooptar e
instrumentalizar as classes sociais afáveis das nações tradicionais ou emergentes
(“evoluindo” nestas o povo para a servidão).
O ciclo capitalista-socialista
As guerras mundiais do século XX, foram uma reação das
nações “Aliadas” materialistas (capitalistas e socialistas) euro-asiáticas, ao
expansionismo das nações idealistas do “Eixo” (neo-aristocráticas/fascistas,
hipernacionalistas/nazistas e neo-budistas/imperialistas), que buscaram
praticar a sua expansão fora da esfera colonial (depois “terceiro-mundista”) e
dentro da própria Eurásia (invasão japonesa na China, invasão alemã na Polônia,
etc.), recebendo das nações materialistas (“Aliadas”) uma reação na forma da
guerra tradicional declarada “de cavaleiros” (pese as tantas atrocidades
inéditas), coisa que apenas pode ser decidida a favor dos “Aliados” pela
entrada dos Estados Unidos na guerra após a “provocação” (imprudente?) do Japão
em Pearl Harbour.
As nações idealistas do “Eixo” protagonizaram apenas o ciclo
colonial (no geral fora das Américas), e por idiossincrasias próprias
(paganismo nórdico tácito, catolicismo arraigado ítalo-ibérico, budismo
nipônico) não integraram voluntariamente o neo-imperialismo
burguês-capitalista, preservando antes a força das velhas aristocracias que vieram
depois fomentar o Nacionalismo mítico (em contraparte ao Nacionalismo social
das nações realmente novas).
Depois que as nações do “Eixo” foram vencidas, os grandes vitoriosos
retomaram e radicalizaram a Guerra Tática “revolucionária”. O gênio e a frieza
alemã e a determinação japonesa, levaram a uma maximização das artes da guerra,
conduzindo o planeta ao impasse bélico sob a bomba atômica e dando um novo
sentido para a Guerra Tática na forma da “Guerra Fria” onde a estratégia passou
a dominar, pese haver sido uma guerra quente e real para muita gente, porém típica
infiltração interna, ideológica e tática, uma vez que se trata também de
estratégia materialista.
Com isto, admitimos que a chamada “Revolução de 64” foi
realmente também uma revolução, além
de ser um golpe-de-estado. Neste sentido, não estamos exaltando a natureza
deste golpe, e sim a depreciando a natureza das “revoluções” capitalistas (e demais),
no contexto do neo-colonialismo globalizado.
O ciclo socialista-nacionalista
O capitalismo terá dado alguma nova contribuição à
humanidade, para além do feito pela burguesia tradicional, mesmo imperialista?
O trabalhador das nações neo-colonizadas ascendeu porventura desde a sua
condição servil? Há poucas indicações neste sentido.
O capitalismo, como simples atrofia burguesa maxindustrial, encontra
no socialismo um contraponto que visa dar esta resposta e solução. Mas,
supõe-se acaso que sob o socialismo, o trabalhador possa atuar ao nível de
colaborador semi-voluntário das iniciativas capitalistas?
Na verdade, é sob o Nacionalismo que esta pretensão se torna
mais clara, uma vez que não se almeja a luta-de-classes e nem a “tomada dos
meios de produção” pelo proletariado, e sim que este participe de um dinamismo
social civilizatório.
Estas também eram metas das nações do Eixo, embora as
atrofias ideológicas da velha Europa levassem à disseminação da xenofobia que
conduziu à “Solução Final”. Existe um limite claro onde o nacionalismo deixa
de ser proteção social para virar opressão étnica.
Nas Américas nunca tivemos tão claro o peso do colonialismo
socialista, salvo em pequenas nações como Cuba e Nicarágua. Embora tal coisa
comece a ser sentida em maior escala, sobretudo no Brasil, na forma do marxismo
cultural de Gramsci (espécie de cinismo político ou neo-maquiavelismo)
resultante do esfacelamento ideológico nativo.
Neste sentido, a Guerra Fria abriu caminho para a ideologia materialista contrapartite, ou seja: para o marxismo (atenuada pela derrota nesta guerra tática mundial) no Terceiro Mundo, e para o capitalismo no Segundo Mundo; difundindo assim a dialética materialista histórica algo artificialmente mundo afora.
Neste sentido, a Guerra Fria abriu caminho para a ideologia materialista contrapartite, ou seja: para o marxismo (atenuada pela derrota nesta guerra tática mundial) no Terceiro Mundo, e para o capitalismo no Segundo Mundo; difundindo assim a dialética materialista histórica algo artificialmente mundo afora.
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