Sabemos perfeitamente que, durante a Guerra
Fria, o Capitalismo-EUA e o Socialismo-URSS “dividiram o mundo entre si”,
inclusive através de ditaduras visando assegurar a fidelidade ideológica
sobretudo dentro das suas áreas-de-influência geográficas próximas.
As situações mais críticas de ditaduras
despertaram oposição e resistência natural, resultando em partidos e
movimentos que depois da Guerra Fria chegaram ao poder. Dois casos clássicos
é o Solidariedade na Polônia (peça-chave da Segunda Guerra) e o Partido dos Trabalhadores no Brasil
(país-chave na América do Sul), ambos encabeçados por sindicalistas.
Não obstante, das suas particularidades
geopolíticas, estes dois movimentos tinham (e tem) focos opostos de atuação. Em
decorrência disto, vemos que comumente os países que se libertaram de ditaduras
capitalistas correram para o socialismo, ao passo que, inversamente, os países
que se libertaram de ditaduras socialistas correram para o capitalismo.
Muitos destes países não tardaram porém em
perceber que estavam através disto apenas caindo numa nova armadilha –e por
diferentes razões. A Polônia logo buscou a economia-de-mercado e a própria
Rússia de Yeltsin conheceu de súbito a decadência capitalista e a corrupção. No
Brasil, após várias eleições malfadadas (um atraso provocado pela malícia
extremada das elites nacionais), herdamos um PT populista e lavado,
despersonalizado sem a possibilidade de respaldo externo, e onde a corrupção
também se agrava escandalosamente. Ambas são ademais ideologias imediatistas e
classistas, das quais pouco se pode esperar.
No vale-tudo para chegar ao poder, o PT dividiu as oposições atropelando
nomes históricos da esquerda e entregando o país nas mãos de fantoches da situação.
Depois rasgou todas as suas bandeiras históricas na reta final. Quem diria que
um partido que abrigava tantos “intelectuais”, e comandado por um metalúrgico renunciaria
de tal forma ao beneficiamento industrial, quase reduzindo a produção do país ao
extrativismo e virando sócio de nações escravagistas; provas gritantes de que as
melhores cabeças da nação foram ceifadas pela ditadura -com a “preciosa” ajuda
do PT, é claro. E também destruiria a cultura e a Natureza pela devastação ambiental,
abdicaria da reforma agrária para investir nos latifúndios, “compensaria” a falta
de empregos com uma política populista e assistencialista corrosiva, e renunciaria
à propugnada auditoria da dívida externa para legitimá-la convertendo-a em dívida
interna... PT virou assim “Partido da Traição” nacional, não há outro codinome
para ele, e com tudo isto vem despertando a fúria da nação em especial a direita fascista amante das ditaduras, coisas enfim todas muito negativas para o
país...
Seria o caso de se refletir então sobre o
curso histórico anterior às ditaduras que levaram a estes picos artificiais de
extremos ideológicos. Havia quase por regra governos nacionalistas em muitas
destas nações depois ocupadas. Vale aprofundar mais sobre estas dinâmicas
políticas.
O nacionalismo de um lado é flexível, sua
visão-de-mundo transcende na prática as ideologias classistas uma vez que busca
a unidade e a defesa da nação. E de outro lado, o fato de sofrerem pressões
locais de grandes nações imperialistas, levou naturalmente os países
nacionalistas a simpatizarem com os adversários históricos destes impérios
locais. Esta aproximação, real ou simbólica, serviu de pretexto muitas vezes
para invasões, ocupações e implantação de ditaduras em blocos regionais
inteiros por parte dos impérios locais.
O mundo naturalmente girou desde então, e a
Guerra Fria teve os seus resultados. Uma das grandes alavancas para a busca
atual de alternativas ideológicas é o ambientalismo, o qual recebe oposição das
doutrinas materialistas uma vez que a Natureza segue sendo a fonte primária de
exploração econômica no mundo. Além disto, o forte atavismo provocado pelo
carma histórico da Guerra Fria tem impedido ainda maior atualização política
nestas nações.
Espera-se no entanto que oportunamente haja uma
conscientização e uma acomodação nas coisas e as nações possam reencontrar os
seus verdadeiros rumos. Em muitos locais já se esboçam sínteses promissoras. A Rússia tem
buscado recuperar a sua rica História e ainda preserva traços da ideologia
socialista. Em vários países latinoamericanos as ideologias de esquerda têm
voltado a vigorar. O Brasil, que padeceu de uma das mais longas ditaduras da América
Latina, ainda necessita porém aprofundar a reflexão sobre o seu passado, mesmo
sem pretender retornar literalmente a ele. E então este novo momento aguardado
poderá se caracterizar como um misto de nacionalismo com ambientalismo.
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