Sobre os crimes de Stalin

Ouvimos falar comumente das atrocidades praticadas pelo ditador Joseph Stalin, sem conhecer no entanto maiores detalhes sobre o assunto. É como se houvesse certa tentativa de colocar panos-quentes ou abafar o assunto por parte dos historiadores marxistas como ideologia vitoriosa da Segunda Grande Guerra, visando antes enfatizar os crimes do nazismo, tidos não obstante segundo avaliações como menores diante dos crimes comunistas, especialmente quando somados entre os vários regimes vermelhos do planeta.
Contudo, durante a Guerra Fria o tema “vazou”, como parte da guerra de propaganda ideológica do Ocidente, sendo ademais finalmente admitido pelos próprios dirigente soviéticos. Citemos, pois:

“Durante seu governo implacável, cerca de 60 milhões de pessoas pereceram. Os camponeses que resistiram à política de coletivização de Stalin foram denunciados como kulaks, presos, mortos a tiros, exilados ou trabalharam até a morte em sua crescente rede de campos de concentração, o Gulag. (“Os crimes de Stalin”, Nigel Cawthorne, Madras, divulgação)
“Kulak ou culaque (em russo: кула́к, kulak, ‘punho’, literalmente punho-fechado; em ucraniano: курку́ль, kurkul) é um termo pejorativo usado no linguajar político soviético para se referir a camponeses relativamente ricos do Império Russo que possuíam extensas fazendas e faziam uso de trabalho assalariado em suas atividades.
Estes camponeses são resultado da reforma de Stolypin introduzida em 1906 com o intuito de criar um grupo de fazendeiros prósperos que apoiariam o governo do tsar. Posteriormente, na década de 1930, os Kulaks foram alvo das políticas de coletivização do campo realizadas por Josef Stalin, que acreditava serem eles o último bastião do capitalismo no campo.” (http://pt.wikipedia.org/wiki/Kulak)
Assim, foram os proprietários e os próprios trabalhadores rurais as primeiras grandes vítimas do sanguinário ditador –com dez vezes mais mortes que as do nazismo por assassínio e escravidão-, aqueles que não queriam perder as suas propriedades para a coletivização forçada. E com isto podemos dizer que o regime soviético também teve escravidão. 
Estes proprietários representavam uma base social extremamente forte por sua capacidade de produção e autonomia, desafiando assim os interesses industrialistas dos soviéticos, Stalin (significa “aço”) fazia questão de aparelhar o campesinato, promovendo aquilo que é chamado de “guerra anticamponesa”, com o apoio de brigadas de operários e de "ativistas" vindos dos centros urbanos, valendo considerar aqui que o universo rural era consideravelmente mais expressivo (82% da população soviética) que o urbano na União Soviética, coisa tida então como um fator de atraso cultural e deportando cerca de 2,8 milhões de pessoas. O fato foi especialmente sensível na Ucrânia, sendo hoje visto como uma forma de genocídio.
Os campos-de-concentração e de trabalhos forçados, onde eram confinados os criminosos e os adversários políticos do regime em condições sub-humanas, especialmente os maiores situados na Sibéria, foram denunciados pela primeira vez por Alexander Soljenítsin em “Arquipélago Gulag” (1976), onde afirma que “entre 1917 e 1959 tinham morrido 110 milhões de pessoas [na URSS]”. Embora tenham sido reduzidos após a morte de Stalin, os Gulags foram desativados apenas com o final da União Soviética nos anos 90.
 “O stalinismo no mundo inteiro sofreu um forte revés com a decisão do dirigente soviético Nikita Khrushchov de denunciar ao mundo os crimes de Stalin, no Discurso Secreto proferido no XX Congresso do Partido Comunista da União Soviética (23 de fevereiro de 1956). Khrushchov revelou a longa lista de atrocidades cometidas pelo stalinismo, como o Grande Expurgo realizado entre 1936 e 1938 (quando se calcula que cerca de 15.000 pessoas tenham sido assassinadas) os gulags, campos de trabalhos forçados; e ainda o genocídio dos ucranianos, conhecido como Holodomor. As execuções sumárias somadas teriam provocado a morte de milhões (as cifras chegam a 20 milhões) de seres humanos.  (http://pt.wikipedia.org/wiki/Stalinismo) Tudo em nome das glórias duvidosas da Ditadura do Proletariado...
Merece também atenção os crimes políticos na Polônia, quando Stalin pactuado com Hitler ocupou outra parte da Polônia em 1940 após os nazistas em 1939 quando o Ocidente declarou guerra à Alemanha, assassinando os soviéticos ocultamente boa parte da elite militar e intelectual do país feita prisioneira, aquela que seria menos simpática aos soviéticos e acusada de “nacionalismo”. O Massacre de Katyn, como ficaria conhecido o episódio (embora abranja extermínios em várias outras localidades), matou 22 mil pessoas colocando de joelhos uma Polônia já rendida, sob a inação dos países Aliados na região apesar da declaração de Guerra aos nazistas. Em função da guerra em curso, o Ocidente custou a admitir a responsabilidade soviética (contando agora com a ajuda russa no conflito contra o Eixo); na Guerra Fria a URSS impôs um tabu marcial sobre o tema na região ocupada, até que o próprio Gorbachev admitiu a culpabilidade soviética em 1989.
Stalin era capaz de crimes ideológicos pungentes, cabendo anotar o assassinato de Trotsky (e vários outros dirigentes da cúpula do Partido Comunista), considerado uma das cinco pontas da Estrela Vermelha soviética (com Marx, Engels, Lenin e o próprio Stalin). Se Stalin era um burocrata pragmático e partidário por excelência, adepto da revolução interna (dado o fracasso da revolução socialista nos países europeus) e uma figura menor da Revolução de 1917, o intelectual Trotsky era um idealista adepto da Revolução Permanente e um grande herói da Revolução, cuja influência política seria temida por Stalin, uma vez que Lenin queria Trotsky como seu sucessor. Stalin porém conseguiu se impor manipulando os fatos e aproveitando-se da debilitação física e da morte de Lenin. Trotsky passa a denunciar violentamente os desvios que Stalin imprimia à revolução, onde o Estado policialesco aparelhado pelo Partido substituía cada vez mais o proletariado.*
Enfim, aquilo que mais choca no século XX não é somente a fugacidade das utopias, mas o preço cruento em sangue que cobraram. Será para isto que servem as bandeiras vermelhas?

* No Brasil atual que deve encerrar 12 anos de governo petista, o conceito tradicional de proletariado também estaria em crise pelo descaso do governo com a industrialização, com a reforma agrária e até com a militância da classe, absorvida, aparelhada e até substituída pelo Partido, trocando militância social por burocracia e aparelhamento estatal.

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